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“Rescindiram o contrato comigo na TVI 24. Não gostam de cabelos brancos”

O jornalista Fernando Correia, com 65 anos de carreira, acusou a TVI de descartar a sabedoria de quem tem uma vasta experiência profissional.

“É um dom, enquanto mantiver a voz faço rádio, faço televisão quando quiserem que eu faça, porque em setembro, depois de quase 20 anos de trabalho e de ter inaugurado a TVI24, rescindiram o contrato comigo. Talvez não gostem de cabelos brancos”, afirmou, ao passar pela ‘Casa Feliz’, da SIC.

Enquanto tiver a voz que o tornou numa referência da rádio portuguesa, Fernando Correia promete continuar a trabalhar, partilhando uma vasta experiência profissional com quem o quiser ouvir.

“Eu gosto dos meus cabelos brancos, gosto da minha voz e gosto de estar lúcido. Faço programas institucionais na Rádio Amália, que é uma rádio bem portuguesa, bem nossa”, afirmou.

Fernando Correia apontou o dedo à TVI por ser o caso mais recente, pois “em Portugal” não se dá valor à experiência.

“Há poucas pessoas em Portugal que respeitam os mais velhos. Muitas vezes, não se consideram os cabelos brancos (e na nossa profissão é mais complicado). A certa altura, perdemos o prazo de validade e somos descartáveis, somos considerados objetos inertes, sem coração. Mas nós temos coração, temos cabeça, pensamos, escrevemos”, sustentou.

“Uma pessoa que tem um certo percurso de vida, que faz uma certa carreira, merece na altura da despedida consideração, respeito, nem que seja um abraço. Quando verifica que basta um telefonema para que lhe digam adeus fica triste, porque não sente o calor do abraço”, reforçou o experiente jornalista.

Com 65 anos de carreira, Fernando Correia poucas oportunidades teve para “parar e pensar”, pelo que aproveita esta nova fase profissional para “ler, estudar, pensar e escrever”.

Em fevereiro, o jornalista vai lançar o 41.º livro, ‘O diário de um corpo sem memória’. Na obra, Fernando Correia dá voz à mulher, que sofre de Alzheimer.

“Eu falo por ela. É uma história que ela poderia contar, mas como não pode conto eu”, adiantou.

“Mas estou feliz. Sei, finalmente, quem é que me rodeia, qual é a sociedade em que vivo e isso não diminui o amor pelo meu país, aumenta. E aumenta também a vontade que tenho de ensinar os meus filhos e os meus netos a que não sejam assim. Acho que vão crescer a pensar que têm de respeitar as outras pessoas e perceber que o ser humano não está sozinho”, concluiu.

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