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‘Médicos pela verdade’ deviam “ser impedidos de exercer”, defendem Fiolhais e Marçal

Carlos Fiolhais e David Marçal criticam os “mitos” em torno da pandemia de covid-19 e criticam os autodenominados ‘Médicos pela verdade’, afirmando que “deveriam ser impedidos de exercer”.

Em entrevista à revista Sábado, para darem a conhecer a obra ‘Apanhados Pelo Vírus’, o físico Carlos Fiolhais e o bioquímico David Marçal contestaram as ‘fake news’ e exigiram uma responsabilização “criminal” dos negacionistas da pandemia.

Sobre os ‘Médicos pela verdade’, os dois autores não têm dúvidas: “São ‘médicos pelas mentiras’. E usurpam o prestígio da profissão médica numa tentativa de as credibilizar aos olhos da opinião pública”.

“Isto é muito grave, pois tem sérias implicações de saúde pública. Deveriam ser impedidos de continuar a exercer medicina e responsabilizados criminalmente”, defenderam.

O livro de Carlos Fiolhais e David Marçal serve para dar resposta aos “mitos e teorias de conspiração” que têm vindo a acompanhar a pandemia.

“Não há maneira de escalonar essas teorias, mas algumas são bem poderosas e vão para lá desta doença. A QAnon é uma teoria de conspiração da extrema-direita americana, segunda a qual há um plano secreto de um estado secreto contra o Presidente Trump”, exemplificaram.

O Presidente cessante dos EUA é um dos ‘protagonistas’ da obra, depois do conselho “disparatado” de beber lixívia para combater o coronavírus.

“A mentira mais perigosa foi quando Trump disse que ingerir desinfetante ajudava a curar. Há sempre gente que faz o que os presidentes dizem”, salientaram os autores.

O físico e o bioquímico dedicaram também uma particular atenção à máscara, criticando a Organização Mundial de Saúde por, na fase inicial da pandemia, ter dito que não seriam úteis.

“Era plausível que as máscaras ajudassem, tendo em conta a experiência com outros vírus respiratórios. Claro que havia o receio que as máscaras faltassem aos profissionais de saúde. Mas isso poderia ter sido assumido, recomendando à população que apenas usasse máscaras de pano, como mais tarde veio a acontecer”, sustentaram.

Carlos Fiolhais e David Marçal insistiram que “isto não é uma gripe” e lançaram um livro para combater uma outra ‘epidemia’, a infodemia.

“Este é um novo termo, que significa propagação de desinformação. De facto, ao lado da pandemia, há uma outra crise: o espalhamento de mentiras, que podem ser tanto ou mais perigosas que o vírus, ao induzirem as pessoas em erro. A OMS bem avisou logo no início dos perigos da infodemia. Eles permanecem ainda hoje”, concluíram.

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