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“Os mais velhos são passados à frente na vacinação por um sargento da GNR”

Miguel Sousa Tavares criticou duramente os critérios para a primeira fase da vacinação contra a covid-19 por deixarem de fora as pessoas com mais de 80 anos.

No comentário de ontem para a TVI24, o jornalista e escritor considerou “eticamente insustentável” que os mais velhos sejam excluídos para que, nesta primeira fase, sejam vacinadas “todas as polícias e as Forças Armadas”.

“Começámos pelos profissionais de saúde, o que me parece consensual, mas deixámos de fora os maiores de 80 anos nesta primeira fase, que vai abranger as Forças Armadas, as forças de segurança e os maiores de 50 anos com doenças críticas”, começou por enquadrar.

A decisão causa espanto quando os números oficiais revelam que “a idade é o primeiro fator de mortalidade”.

“Os maiores de 80 anos representam 70 por cento das mortes em Portugal, juntos com os maiores de 70 anos representam 90 por cento das mortes por covid-19”, adiantou.

“Estas pessoas, só porque são mais velhas, são passadas à frente por um sargento da GNR”, lamentou o comentador.

Miguel Sousa Tavares citou as explicações avançadas por responsáveis do Conselho de Saúde Pública e do Conselho Nacional de Vacinação para considerar que as mesmas “não fazem sentido”.

“O professor Jorge Torgal, do Conselho de Saúde Pública, disse em novembro que a prioridade seria vacinar os mais velhos para salvar vidas. Cabe perguntar porque é que as Forças Armadas e todas as polícias (Guarda Fiscal, GNR, PSP, SEF, etc.) hão-de ter prioridade sobre os maiores de 80 anos. Estão previstos vacinar 300 mil elementos, o que significa que são todos”, realçou.

Quanto ao argumento de que não está provada a eficácia da vacina em maiores de 80 anos, “também não está provado o contrário”, continuou o jornalista e escritor.

O critério da ocupação de camas em unidades de cuidados intensivos (UCI) também foi recusado por Miguel Sousa Tavares.

“Se bem percebi, os maiores de 80 anos representam 70 por cento das mortes, mas apenas ocuparam nove por cento das camas em cuidados intensivos. Porque só ocupam nove por cento, não têm prioridade para serem vacinados. Este critério não faz nenhum sentido”, concluiu.

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