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OMS diz que pandemia acabou. O que devemos fazer em relação à covid-19?

O que significa dizer que a pandemia acabou?

A covid-19 alterou a vida do mundo quando, sobretudo a partir de março de 2020, propagou com intensidade pelo território mundial e teve um impacto tremendo em vários setores de atividade. Portugal também se viu forçado a tomar medidas para travar os casos de infeção por covid-19. Agora, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que a pandemia acabou. O que significa dizer que a pandemia acabou? O que devemos fazer de agora em diante?

Designada oficialmente por SARS-CoV-2, a pandemia foi declarada como tendo deixado de ser uma preocupação mundial no dia 4 de maio de 2023, dado que a OMS entende que esta não representa agora uma emergência à Saúde Pública de Preocupação Internacional.

Ou seja, não são necessárias políticas de articulação à escala mundial que levem a que a covid-19 centre as atenções mundiais, colocando de parte outras valências da vida humana que, nos últimos anos, acabaram por ser atiradas para planos afastados com os confinamentos e as regras de distanciamento social, por exemplo.

Mas a OMS não quer que se ignore a covid-19. É importante e recomendado pela entidade que supervisiona a saúde a nível mundial que não se passe a um vazio de atenção à covid-19 depois de anos em que o vírus ‘sufocou’ mediaticamente o espaço de notícias e conversas, muitas delas feitas via remota e em ambiente virtual durante os confinamentos.

Classificação por parte da OMS esteve em vigor desde 11 de março de 2020

Assim, é recomendado também pela OMS que os sistemas de saúde possam funcionar de forma integrada na partilha de informação a respeito da covid-19, acautelando eventuais vagas que possam aparecer fruto de variantes do vírus.

Deste modo, monitorização epidemiológica, virológica e clínica, além de uma vigilância são as ações mais apropriadas atualmente.

É ainda necessário que os grupos de risco se vacinem regularmente, de acordo com a melhor evidência científica, sendo que os grupos de risco devem ser monotorizados frequentemente.

“O Comitê de Emergência reuniu-se e recomendou que eu declarasse o fim da emergência de saúde pública de importância internacional. Aceitei esse conselho. É, portanto, com grande esperança que declaro a covid-19 como uma emergência de saúde global. No entanto, isso não significa que a covid-19 acabou como uma ameaça à saúde global”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

O que passa a ser diferente?

Com a declaração da OMS algumas medidas obrigatórias caem a nível internacional, ainda que as pessoas possam, se assim entenderem, manter cuidados ou usos como o caso das máscaras.

Também a necessidade de realizar testes à covid-19 para viajar deixa de ser obrigatória.

Em todo o caso, é importante que os comportamentos seguros se mantenham, até porque o vírus continua a circular.

A covid-19 desapareceu?

A covid-19 não desapareceu e o vírus continua a circular, embora, atualmente, fruto da infeção natural e da escala de vacinação, existe uma imunidade que dá maior segurança à população, embora o vírus continue a ter uma disseminação global, tal como outros vírus. Daí que seja importante aprender a distinguir sintomas da covid-19 em relação a gripes, por exemplo.

Também os especialistas científicos e médicos têm em seu poder dados e um conhecimento sobre a covid-19, e as suas variantes, que permitem lidar com o problema de saúde e outras situações associadas à infeção por SARS-CoV-2.

A comunidade médica consegue também agora, não comprometendo a resposta a outros problemas de saúde, enfrentar problemas de infeção por covid-19 entre pessoas que recorrem às unidades de clínicas.

“Esse vírus vai ocupar espaços de internamento nos hospitais, espaços de morbilidade e de mortalidade. Mas, neste momento, já temos os conhecimentos necessários para começar a minimizar e a caracterizar a quem é que devemos implementar as medidas para diminuir o impacto”, explicou Filipe Froes, pneumologista que fez parte do gabinete da Ordem dos Médicos de combate à covid, na CNN Portugal no começo do ano.

O que devo fazer se tiver sintomas de covid-19?

Na prática, as recomendações acabam por manter-se e se tiver sintomas de covid-19 deve acautelar o risco de contágio de outras pessoas.

Aumente os cuidados de higiene e tome cuidado em relação aos contactos que tem, sobretudo com população que pertence aos grupos de risco.

Tenha sempre em atenção as pessoas mais vulneráveis e opte, sempre que possível, por uma ventilação adequada dos espaços.

Procure uma opinião médica dirigindo-se ao seu centro de saúde ou através da linha do SNS 24.

40% dos jovens europeus com dificuldade em lidar com medidas de confinamento

O impacto da pandemia fez-se sentir muito na socialização. O confinamento obrigou a um isolamento que provocou problemas do foro mental em muitas pessoas.

Um estudo realizado pela Youth Wiki comprovou que mais de 40 por cento dos jovens europeus tiveram dificuldades para lidar com as medidas dos sucessivos confinamentos resultantes da pandemia de covid-19.

O sofrimento psicológico durante a pandemia de covid-19 foi, de resto, avaliado por outros estudos científicos e determinou-se que as pessoas mais perfecionistas “tiveram mais medo da covid-19, pensaram mais repetida e negativamente sobre a pandemia e as suas consequências e isso levou a que tivessem mais sintomas de depressão, ansiedade e stress”, segundo chegou a revelar Ana Telma Pereira, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, coordenadora do estudo ‘Covid-19 psychological impact: The role of perfectionism’.

Tratou-se “do primeiro estudo publicado na literatura científica internacional a comprovar empiricamente o impacto negativo do traço de personalidade nas reações psicológicas à pandemia de covid-19”.

“Mais concretamente, verificámos que as diversas componentes do perfecionismo, quer intrapessoais (o próprio exigir-se a excelência), quer interpessoais (entender que os outros lhe exigem perfeição e, também, exigi-la aos outros), geraram mais ansiedade, depressão e stress face à pandemia”, especificou a investigadora.

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