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“Há alunos que vão ser prejudicados, mas temos de fazer o esforço”, diz a FNE

O iminente regresso do ensino à distância, a partir de 8 de fevereiro, é visto com apreensão pela Federação Nacional da Educação (FNE), por discriminar os alunos que não têm computador.

João Dias da Silva, secretário-geral da FNE, reconheceu que é preciso “fazer o esforço” para que os alunos possam voltar à atividade letiva, suspensa durante 15 dias, mas lembrou a promessa falhada de António Costa de dar um computador a cada aluno.

“As escolas não estão preparadas para atingir todos os alunos”, avisou o sindicalista, reconhecendo a necessidade do ensino à distância ser implementado “o mais rapidamente possível”.

“Haverá alunos, e sabemos que serão sempre os mais desfavorecidos, que vão ser prejudicados, mas isto não invalida que não se faça o esforço com os equipamentos que houver para atingir o máximo de alunos possível”, defendeu.

Depois do Jornal de Notícias ter adiantado que o Ministério da Educação emitiu hoje uma orientação para que as escolas se preparem, de forma a iniciar o ensino à distância a partir de 8 de fevereiro, quando terminar o atual período de encerramento das escolas, a FNE lembrou que há “limitações” a resolver.

“O anúncio do primeiro-ministro, está mais do que dito por toda a comunicação social, não foi cumprido. Houve um crescimento em relação à situação que tínhamos em março, é inegável, faltam agora os 300 mil [computadores] que o Ministério da Educação anuncia”, considerou o dirigente da FNE, em declarações à Rádio Observador.

No entanto, “é evidente que este número é insuficiente para que todos os alunos tenham acesso”, reforçou João Dias da Silva, lamentando “a falta de investimento na Educação ao longo nos últimos anos”.

“Houve claramente um desinvestimento. Os computadores nas escolas estão obsoletos, muitos não podem ser utilizados e é preciso agora um esforço de renovação e manutenção dos equipamentos”, insistiu o sindicalista, referindo que as escolas têm “planos de transição” para o ensino à distância “desde o início do ano letivo”.

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, garantiu que as escolas estão prontas para acionar o ensino à distância, apesar da falta de computadores, mas deixou um alerta.

“Há muitos alunos que não têm sequer uma mesa de trabalho onde colocar esse computador, nem um ambiente familiar produtivo ou até mesmo uma refeição quente à hora de almoço e jantar. Não podemos pensar só no computador. A educação de barriga vazia não se faz”, afirmou Filinto Lima, em declarações à TSF.

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