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Ex-ministro de Lula diz que Governo de Bolsonaro quer fazer um ‘Brexit’ no Mercosul

O ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil nos governos do Partido dos Trabalhadores (PT), Celso Amorim, criticou hoje o recém-eleito Presidente, Jair Bolsonaro, por não ver como prioritária a relação com o bloco Mercosul, comparando-a ao Brexit.

“O que o Brasil quer fazer é um Brexit [saída do Reino Unido da União Europeia], só que aí é o maior [país] que está de saída”, disse o ex-ministro das Relações Exteriores.

Nesta segunda-feira, na sua primeira entrevista após a eleição, Bolsonaro afirmou que o Mercosul (bloco que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, que está suspenso temporariamente), é um bloco demasiado valorizado e que esse tratamento tem de ser modificado.

Para o recém-eleito Presidente do Brasil, a excessiva valorização do Mercosul deveu-se a questões ideológicas, que protegiam determinados países que, na sua opinião, “burlavam” regras. “Nós queremos livrar-nos de algumas amarras do Mercosul”, declarou.

No entanto, Celso Amorim discorda da posição de Bolsonaro, afirmando que “esfarelar o Mercosul, será um grande ‘desserviço’ à paz na região”. Para Amorim, a visão do próximo governo é “mercantilista e estreita” e coloca em risco a paz na América do Sul, de acordo com o jornal Estadão.

Celso Amorim apresentou ainda números, dizendo que o Mercosul absorve 25 por cento das exportações brasileiras de produtos manufaturados e que a paz na região não se pode desvincular da relação económica entre os países do bloco.

Para a pasta da Economia, Jair Bolsonaro já adiantou que será o economista Paulo Guedes a assumir o cargo.

“O Mercosul foi um feito totalmente ideológico. É uma prisão cognitiva”, disse Paulo Guedes, frisando que o Mercosul não será um prioridade, mas sim o controlo de gastos.

Até ao momento já foram confirmados os nomes do deputado federal Onyx Lorenzoni para ocupar o ministério da Casa Civil, o general da reserva Augusto Heleno para a Defesa e o economista Paulo Guedes para a pasta da Economia.

Nos próximos dias, Jair Bolsonaro deverá confirmar o nome do astronauta e major da reserva Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia, adiantou o próprio em entrevista.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1 por cento dos votos.

De acordo com os dados do Supremo Tribunal Eleitoral, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9 por cento dos votos, com o escrutínio provisório (99,99 por cento das urnas apuradas) a apontar para 21 por cento de abstenção do total de eleitores inscritos (mais de 147,3 milhões).

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