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Para não ser amputado, homem fica com a mão dentro do corpo

Um homem que sofreu um acidente de trabalho foi sujeito a uma intervenção pouco comum: Carlos Mariotti ficará com a mão esquerda dentro do abdómen. A operação rara foi realizada na Fundação Hospitalar Santa Otília, um hospital de Orleans, município brasileiro de Santa Catarina.

É uma cirurgia rara, que permitirá a um homem de 42 anos evitar a amputação da sua mão esquerda. Depois de um acidente de trabalho, Carlos Mariotti foi submetido a uma cirurgia que consistiu em colocar a mão dentro do abdómen.

Auxiliar de produção, Carlos Mariotti, sofreu um acidente de trabalho quando operava uma máquina de fabricar bobinas – que quase lhe roubava a mão esquerda. Temeu-se que poderia perder aquela parte do corpo, mas uma intervenção inovadora permitiu evitar esse cenário drástico.

E ao acordar da operação, ouviu o médico ortopedista e traumatologista Bóris Bento Brandão dar-lhe a novidade, em jeito de brincadeira: “Vai ter de ficar com a mão no bolso durante algum tempo”.

Bento Brandão realizou a operação, verificando que o paciente ficou com muito pouca pele na palma e no dorso da mão. Os ossos e tendões ficaram expostos, pelo que houve necessidade de criar esta proteção e promover, assim, a regeneração.

“Ele sofreu uma lesão que é chamada ’desenluvamento’. Assim, foi feita uma cirurgia clássica, mas que pouca gente faz, porque é um procedimento para evitar necrose, quando não há mais nada a fazer”, explica o médico do Hospital Santa Otília.

O procedimento clínico nunca tinha sido realizado na Fundação Hospitalar Santa Otília. A cirurgia durou cerca de duas horas, com o paciente a receber apenas anestesia no braço e no abdómen.

Durante os próximos 42 dias, Carlos vai continuar com a mão ‘no bolso’, onde será desenvolvido um novo tecido capaz de receber um enxerto de pele.

“A fim de manter a mão viva, abrimos o abdómen, tirámos a pele e colocámo-la dentro da cavidade, para a protegê-la. Deve permanecer na bolsa durante cerca de 42 dias, para garantir que desenvolva novos tecidos e material de tendão, para receber um enxerto de pele”, explica o cirurgião.

“Esta lesão foi muito grande e delicada. E o único local onde a mão poderia caber era o abdómen. Sem este procedimento, haveria um risco elevado de infeção e os tecidos e tendões iriam apodrecer “, realça o médico em declarações ao The Independent.

Depois de recuperar, o paciente terá “uma mão funcional”, ainda que com menos sensibilidade. Poderá usá-la para conduzir, ou para comer, ainda que com limitações, até porque Carlos Mariotti perdeu dois dedos.

“Perdi dois dedos. Sei que nada será como dantes, mas vou poder vestir uma camisa, ou segurar um talher. Se fosse há uns anos, teriam de amputar… Fico emocionado ao saber que quase perderia a mão, mas que isso não vai acontecer”, confessa.

O operário recorda-se do acidente de trabalho lembra a “máquina a puxar a mão”. “Não podia fazer nada”, a não ser “gritar”. Chamou os colegas e estes cumpriram um papel fundamental, protegendo as lesões com ligaduras e chamando assistência médica.

O que se seguiu nesta história é uma operação rara, que vai dar que falar, quando Carlos voltar a tirar a mão do ‘bolso’.

A imagem pode ferir a sensibilidade de algumas pessoas:

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