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Os ralis em Portugal agradam mais a Kankkunen no norte do que no Algarve

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Juha Kankkunen é a estrela do Motorshow Porto 2015. Na oportunidade do ex-campeão do mundo de ralis falou ao PT Jornal, sublinhando que gostou mais de disputar ralis no norte de Portugal do que no Algarve.

Ostentando quatro títulos mundiais e duas vitórias no Rali de Portugal, Kankkunen mantém uma grande simplicidade e simpatia, sendo bastante direto nas respostas, um pouco como fez ao longo da sua carreira de 23 anos no WRC.

“Portugal diz-me bastante e os fãs também. Tenho grandes memórias das vitórias que conquistei neste país, onde se nota que as pessoas vivem com muito entusiasmo o automobilismo”, sublinha o veterano finlandês.

Claro que Juha tem a noção que os ralis, como Portugal, mudaram muito, mas destaca: “Tive a sorte de estar no sítio certo na altura certa. Estive nas melhores equipas de fábrica e guiar os melhores carros da época. E gostei de todos, desde o Toyota, que para mim não tinha defeitos, até ao Lancia Delta, que era exigente em termos de condução mas também era perfeito e tinha um motor fabuloso”.

“Aqui em Portugal tenho boas recordações, apesar de aqui ter competido mais a sério há mais de 10 anos. Recentemente competi num rali histórico no Algarve. Mas lá não é a mesma coisa. As classificativas são muito sinuosas, há muito pó e pedras. Gosto muito mais das especiais do norte e também de Arganil. Isso é que são classificativas”, lembra Juha Kankkunen.

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Sendo finlandês, seria de esperar que o piloto de Laukaa preferisse os pisos ter terra, mas não: “De facto quando começamos a correr na Finlândia fazemo-lo em troços de terra, mas depois de competirmos fora do país acabamos por ficar fãs de outros tipos de piso. Gostei muito de fazer ralis de asfalto, como a Catalunha, apesar de gostar de outros em terra, como a Acrópole ou aqui Portugal”.

Sobre os carros que tripulou Kankkunen não destaca nenhum como o seu bólide de eleição: “Tive bons carros, como o Lancia e o Toyota. Não posso dizer que algum deles tivesse algum defeito. O Corolla era fiável e eficaz, o Delta tinha um motor fabuloso, embora não fosse fácil de guiar”.

WRC atual tem uma estrutura em pirâmide

O finlandês considera que na sua época os ralis “tinham uma aura, eram vividos de uma outra forma. Começa logo porque eram mais longos, menos compactos. Muito mais interessantes. Mas os tempos evoluíram e agora pede-se que sejam mais compactos”.

“Há também uma estrutura em pirâmide. Os Volkswagen estão para os ralis como os Mercedes estão para a Fórmula 1, e só dois ou três pilotos podem aspirar à vitória. No meu tempo a competição era muito mais aberta”, sublinha Kankkunen.

Novas provas em países como a Polónia ou a Estónia podem ser importantes para uma nova realidade no campeonato do mundo de ralis, mas o piloto de Laukaa adverte que o mais importante não é a quantidade de eventos: “O WRC devia ter apenas 10 provas, em vez de 16 ou 20, em que se pudesse treinar e preparar com mais tempo”.

O finlandês considera que a próxima geração do WRC lhe parece interessante: “Pelo que pude ver vai exigir muito mais dos pilotos. Não vai bastar ter um Volkswagen para ganhar. O piloto vai contar muito mais do que até aqui”.

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Sobre a atual geração de pilotos no WRC, Juha Kankkunen não quer destacar nenhum nome, mas considera que “Hayden Paddon ou Thierry Neuville têm um grande potencial, ainda que o Hyundai não esteja ao nível do Volkswagen, seja devido ao motor, ao equilíbrio do chassis ou outra coisa”.

Relativamente ao Motorshow Porto, o veterano diz que vem competir para se divertir. “Mas é claro que quero ganhar. Mas os pilotos locais estão muito habituados a este tipo de traçado praticamente ‘indoor’. O Mitsubishi não é forçosamente o ideal, pois não há muita tracção e há carros mais pequenos e ágeis”, afirmou apontando para um Citroën Saxo Kit Car.

Simpatia faz parte da personalidade

Kankkunen está ciente da sua simpatia, quando comparado com outros pilotos finlandeses da sua geração, mas refere: “Cada um tem a sua personalidade. O Markku Alen tem a sua. Conheço-o bem. Esta minha postura tem a ver comigo, é algo natural. Isso não faz um bom ou mau piloto. O Petter Solberg também era uma simpatia no WRC, mas o seu irmão já tem uma personalidade completamente diferente. Na F1 acontece com o Kimi (Raikkonen), que não liga ao que pensam dele. Mas ele é assim. Não é arrogância”.

Embora ligado mais aos ralis, Juha Kankkunen já experimentou as pistas: “Participei numa prova da Porsche Cup. Diverti-me bastante e não estraguei o carro, embora seja uma competição com algum contacto. Foi divertido, porque corri com o meu filho”.

Sobre Kankkunen Jr, Juha diz que não exerce qualquer pressão: “Ele em 17 anos, faz provas de karting. Tem algum jeito, mas dificilmente irá para os ralis. São muito caros. Será mais natural evoluir no karting ou nos fórmula. Não será de por de parte um dia fazermo equipa nos GT numa prova de resistência. Seria giro correr em família”.

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