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Vídeo: José Marcos vive na rua e vende livros para sobreviver

José Marcos de Souza tem 55 anos e passou os últimos três a viver na rua, no Rio de Janeiro, Brasil. Sobrevive à custa da venda livros doados na Praia do Flamengo, naquela região brasileira.

De há três anos a esta parte que a rotina de José Marcos se mantém: acorda cedo, ainda de madrugada, guarda o fino colchão num carrinho de supermercado e organiza os produtos que tem para vender.

É um dos rostos habituais na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e, por isso, recebe todo o tipo de doações dos moradores: livros, calçado, roupa e até comida.

Apesar de algum reconforto com as ofertas, José Marcos enfrenta também alguns episódios de hostilidade. Em setembro, por exemplo, viu a sua ‘mercadoria’ ser atingida por ovos atirados pelos moradores.

“É amargo viver na rua. Tens que ouvir um monte de desaforo sem poderes reagir, sem te poderes defender”, assume à BBC.

A resposta surge através da simpatia e da poesia, ele que estudou até ao nono ano do Ensino Fundamental. Inspirado por Carlos Drummond, o seu artista preferido, José Marcos escreve regularmente num dos seus cadernos.

Aos 55 anos, conta que abandonou a casa da irmã depois de um desentendimento familiar. Entre trabalhos como caseiro ou repositor de mercadores, acabou a viver na rua.

“Muitas pessoas vêem-me na rua e condenam-me, acham que sou um viciado, um pedófilo ou um monstro. Mas eu vim para a rua para conseguir a minha própria casa e não ficar dependente da família”, conta.

“As pessoas têm que parar um pouco para pensar e ver quantas pessoas estão na rua a precisar de ajuda. Quem está na rua não é ladrão. Quem está na rua tem necessidades”, acrescenta.

De acordo com o levantamento feito em janeiro passado, citado pela BBC, há cerca de 3700 mil pessoas a viver na rua no Rio de Janeiro, com outros cerca de 1000 em abrigos.

José Marcos rejeita os abrigos, “onde só há dependentes químicos” e onde “está a tirar a vaga de alguém”.

Todos os dias, o dinheiro que sobra é depositado numa conta bancária, na esperança de comprar uma casa na região onde cresceu, em Governador Valadares.

“Eu gostaria que as pessoas me vissem como um ser humano. Um ser humano que está a tentar vencer na vida. Já que não posso trabalhar honestamente, qual a melhor maneira para eu vencer? A roubar, a matar pessoas? Eu não acho certo. Certo é eu poder vencer a vender os meus livros, é a única maneira”, remata.

Veja o vídeo, com reportagem da BBC.

https://playbuffer.com/watch_video.php?v=B6KWK5UK819M

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