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“Temos deputados fraquinhos que cedem aos lóbis da tauromaquia”, diz Pacheco Pereira

Pacheco Pereira critica “dois ou três deputados fraquinhos”, que cedem aos “lóbis da tauromaquia” e são “incapazes de dizer ‘não’ às touradas e de atuar em função da sua consciência”.

Num comentário ao projeto legislativo que pretende acabar com os financiamentos do Estado a atividades tauromáquicas, Pacheco Pereira criticou a “hipocrisia da sociedade portuguesa, do Governo e dos deputados”, por defenderem leis de proteção do animais e, em paralelo, se manifestem a favor das touradas.  

“E é repelente – não uso esta palavra muitas vezes – a hipocrisia que existe na sociedade portuguesa, no Governo português e em muitos deputados, que são capazes de mandar prender uma pessoa porque magoou, feriu, ou matou um gato ou um cão, e, ao mesmo tempo, acham normal que meia duzia de cidadãos vestidos de cor garrida, com roupa muito apertada, andem a espetar facas nas costas de um touro”, disse, no programa Circulatura do Quadrado, da TVI24.

Acresce que “infelizmente persistem os lóbis locais e da tauromaquia”, bem como “as pressões sobre dois ou três deputados fraquinhos, incapazes de dizer ‘não’, de atuar em função da sua consciência”.

“Nenhuma pessoa decente pode achar bem um espetáculo público de tortura de um animal. E eu não quero pagar impostos que sirvam para pagar a tortura pública de um animal. Não quero. Não aceito, em nenhuma circunstância, que haja um espetáculo público de sadismo, masoquismo, seja lá o que for, que tem como centro a tortura pública de um animal”, insistiu, manifestando-se contra o financiamento público deste tipo de atividade.

Pacheco Pereira rebate o argumento da tradição, lembrando que outras foram abolidas “por serem consideradas cruéis ou injustas”. “Não me venham com a tradição”, realça.

Para o historiador, as touradas são sinal de subdesenvolvimento civilizacional: “É uma marca de atraso e subdesenvolvimento da sociedade portuguesa”.

De forma irónica, e criticando a valentia dos toureiros, Pacheco Pereira sugere que se troque o touro por outros animais mais perigosos.

“Em bom rigor, também podem pôr lá um urso, ou um leão, como os Romanos faziam… Porque põem um touro? Se é uma questão de os homens medirem forças com os animais… E em vez de porem não sei quantos forcados, ponham um”, ironiza.

“Não estou a pedir que se repitam os espetáculos dos gladiadores, até porque os gladiadores não iam porque queriam – iam obrigados – e na tourada eles vão porque querem”, ressalva.

Nesta quinta-feira, a proposta de um grupo de cidadãos, que pretende pôr fim ao financiamento público dos espetáculos tauromáquicos, será votada no Parlamento, com provável chumbo.

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