“Somos bons a fazer disparates com o dinheiro dos outros”
Francisco Moita Flores, antigo presidente da Câmara de Santarém, criticou duramente o plano de reestruturação da TAP delineado pelo “ministrozinho” Pedro Nuno Santos.
Num longo artigo publicado nas redes sociais, o antigo inspetor da Polícia Judiciária considerou que o “delírio” do “grande revolucionário” começou ainda na CP, com a compra de “velhas automotoras espanholas carregadas de amianto”, e passou pela garantia “tão vincada de que nos transportes públicos não havia contaminação por covid”.
Eis então que Pedro Nuno Santos, “um garoto” que Moita Flores aplaudiu na greve dos motoristas de transporte de combustível “e em outras ocasiões”, chegou “outra vez” à TAP.
“Plano [de reestruturação] apresentado em Bruxelas para aprovação e bico calado, que somos bons a fazer disparates com o dinheiro dos outros”, comentou.
“A maioria do povo, que nunca entrou no avião”, foi chamada a “desempochar, para já”, 1200 milhões de euros, sabendo-se que “a coisa pode ir até aos 4000 milhões de euros”.
O plano de recuperação é “coisa secreta, segredo de Estado”, embora tenha sido revelado que, “só para começar a rentabilizar a TAP, vão ser despedidas perto de 2000 pessoas, vendidos 20 ou 20 aviões e mais umas bagatelas correlativas”.
Na semana em que começou “a reforma da TAP, foi decretado o aumento de salários dos seus administradores”, assinalou o escritor e antigo autarca, eleito pelo PSD.
“Aumentos mensais que excedem largamente o rendimento anual de que vive com o salário mínimo. Com este Governo é sempre assim. Aproveita-se a euforia do povo pela chegada da vacina contra o vírus e, pela surra, uma facada nas costas”, registou Moita Flores.
Com os aviões no chão e os trabalhadores “a serem convidados ou intimados a sair”, o primeiro sinal “da nova reforma” da TAP “é aumentar brutalmente os administradores”.
“A explicação do ministro é confrangedora: É preciso alinhar os ordenados com os administradores de outras companhias de aviação, para que não nos venham roubar os grandes quadros. É bom dizer, que os ‘grandes quadros’ estiveram presentes, foram cúmplices, deste desabamento da TAP. A pandemia apenas aprofundou o caos que já reinava, sob a batuta dos extraordinários administradores que o ministro não quer que nos sejam roubados”, ironizou.
Sempre de mira apontado ao “ministrozinho” Pedro Nuno Santos, “cada vez mais patusco”, Moita Flores exigiu que o Governo siga esse critério noutras áreas, alinhando os ordenados com os praticados noutros países europeus.
“Levando a sério tal proclamação, é de crer que os salários dos professores também vão ser alinhados com os salários dos seu congéneres na União Europeia. Que o salário mínimo vai também ser alinhado. Que , de forma geral, vamos ter ordenados alinhados com os restantes países irmãos”, escreveu.
“Não há outra conclusão a tirar. Quer dizer, há outra. Mas nem a consigo escrever pois vai ofender os bandos de hienas que despedaçam o País”, finalizou Moita Flores.