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“Será difícil compatibilizar projeto europeu com o nacional” diz o chefe do Team Hyundai Portugal

Sérgio Ribeiro assume que o momento é difícil, não só para o automobilismo e os ralis, como para toda a indústria automóvel, e que o futuro reserva muita incerteza.

O homem que lidera os destinos da Hyundai no nosso país diz mesmo que “será difícil compatibilizar o projeto” que tinha com Bruno Magalhães nos campeonatos português e europeu, pois em termos de calendário tudo ficou bastante mais complicado.

Numa numa entrevista à Golo FM e a V Motores, conduzida pelo nosso colega Joaquim Amândio Santos, Sérgio Ribeiro traça alguns dos cenários possíveis face à atual situação de paragem das competições e mesmo da atividade económica das empresas face ao Estado de Emergência que vivemos..

Apesar dos constrangimentos Sérgio Ribeiro deixa no entanto uma palavra de compromisso com o automobilismo nacional: “Estamos comprometidos com o desporto automóvel em Portugal e com os ralis. Achamos que temos alguma responsabilidade, agora que estamos cá e investimos tanto, e por isso estamos a aguardar alguma clarificação no horizonte que nos permita tomar opções mais firmes”.

“De qualquer maneira parece-me claro já uma ou duas realidades a que não vamos poder fugir. Começando pelo projeto europeu. Continuamos com enormes incertezas do que poderá ser o calendário. Parece-me que será muito difícil compatibilizar o projeto europeu com o projeto nacional”, enfatiza o diretor do Team Hyundai Portugal.

E Sérgio Ribeiro explica: “Se tivermos que dar alguma prioridade vamos sempre dar a prioridade ao campeonato português de ralis. Isto está decidido da nossa parte, porque achamos que é a nossa responsabilidade, enquanto organização, de privilegiar o Campeonato de Portugal, pelos nossos fãs, pelo público que nos segue, pelo investimento que nós e os nossos concorrentes já fizeram nesta época. Por isso acho que devemos respeitar o nosso próprio investimento e o dos que concorrem contra nós”.

Para o homem que conduz os destinos da Hyundai o ‘Europeu’ não está descartado, “se for possível compatibilizar com o campeonato nacional em ternos de calendário”, sendo que se vai ter de “fazer opções, não só de calendário, mas também de investimento, também aí dando prioridade ao campeonato português de ralis”.

Este período de paragem nas competições é também para Sérgio Ribeiro um bom momento para repensar o formato dos campeonatos em Portugal: “Se há altura em que temos de pensar o que vamos fazer este ano e nos próximos é agora. Sou crítico de algumas opções que têm vindo a ser tomadas em relação ao campeonato português de ralis”.

“A mais veemente é o facto de termos 10 provas, das quais os pilotos têm de escolher oito. Que é um ponto que acho deve ser eliminado definitivamente no futuro, porque para além de serem provas a mais para a nossa realidade, permite a dispersão completa das inscrições dos pilotos. Haverá ralis onde os principais protagonistas não correrão uns com os outros. E isso é péssimo para o campeonato”, insite o CEO da Hyundai Portugal.

Para Sérgio Ribeiro faz sentido um campeonato mais curto: “Não podemos comprometer 2021. E isto empurra-nos para fazer três provas em terra e três em asfalto, contando já com o Rali de Portugal. Fazíamos seis provas, corriam todos contra todos e apurava-se o campeão. Era justo e não tínhamos um calendário tão desocupado quanto isso, porque não vamos ter muitos meses mesmo para fazer este calendário que estou a dizer. Como em tudo na vida têm que ser tomadas opções e elas têm de ser tomadas agora”.

O líder do Team Hyundai Portugal insiste na ‘tecla’ da revisão do campeonato, e na necessidade das marcas, equipas e patrocinadores serem ouvidos quando se define o formato do campeonato e as provas que nele constam.

“Acho que o mais importante é que todos os concorrentes estejam nas mesmas provas a competir. Poder existir dispersão e movimentos táticos que possam influenciar o mérito desportivo do campeonato é que não parece adequado, não fazendo para o ano mais do que oito provas. Claro que para mim há umas que são obrigatórias de estar presentes, e depois ter em conta outros critérios”, sublinha Sérgio Ribeiro.

E considera: “Há muita gente envolvida nisto. São os clubes, a Federação, mas depois há uma outra parte, muito importante, que são os pilotos, as marcas e os patrocinadores, que raramente são ouvidos nesta matéria. Que são quem investe neste campeonato. Podemos querer agradar a todos, o que é certo é que se as marcas e os patrocinadores não tiverem um formato de campeonato permita investimento para ter retorno tudo o resto é apenas filosofia”.

“Não faz sentido que continuemos a ter um Campeonato de Portugal de Ralis, que queremos que os meios de comunicação social acompanhem, que tenha muito público mas depois Porto e Lisboa fiquem fora do calendário. É algo que me faz imensa confusão. Se há dificuldades em termos de segurança para o fazer, então que se regulamente isso. Mas temos de trazer mais público ao campeonato, nem que isso signifique fundir ralis muito próximos”, conclui Sérgio Ribeiro.

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