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Quais os sintomas da depressão e a importância do diagnóstico precoce?

Quais os sintomas da depressão, um problema de saúde que gera cada vez mais preocupações da comunidade médica? Quais os sintomas e a relevância de diagnosticar o problema de forma precoce?

A depressão é uma doença que afeta milhares de portugueses. Mas continua a ser alvo de estigma e desvalorização. Quais o sintomas da depressão? E porque há ainda dificuldade em lidar com a situação? São perguntas relevantes.

Ainda vista por muitos, erroneamente, como um sinal de debilidade ou de fraqueza psicológica ou emocional, a depressão é uma doença que pode atingir qualquer pessoa ao longo da vida.

Urge alertar a população para os sintomas e desmistificar a procura de ajuda médica e acesso ao tratamento adequado à situação da pessoa. Mas também esbater a discriminação social a que estão votadas as pessoas que sofrem da doença. 

“Existe tratamento para a depressão”

“Como em outras doenças, existe tratamento clínico para a depressão. E, com a terapia adequada, muitas pessoas ultrapassam a doença sem voltar a ter recaídas”, adianta Beatriz Lourenço, médica psiquiatra e vice-presidente da associação de doentes Manifestamente.

“Para que isto aconteça, é muito importante que a pessoa sinta que as suas queixas são ouvidas e valorizadas. O respeito e a empatia pelo seu sofrimento são a maior ajuda, para que tenha motivação e energia necessária para procurar ajuda médica, essencial para o sucesso do tratamento”, acrescenta a especialista.

De acordo com os dados conhecidos, a depressão é um dos problemas de saúde com mais incidência no mundo. Afeta cerca de 350 milhões de pessoas. Portugal não é exceção: cerca de 700 mil pessoas vivem com sintomas depressivos. 

“Sabemos que a medicina geral e familiar é a porta de entrada para o tratamento destes doentes, que devem ver o médico de família como a solução para um tratamento mais célere e um acompanhamento precoce”, refere Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).

A importância do diagnóstico precoce

“Um dos principais obstáculos para o tratamento da doença é a falta de diagnóstico atempado e de tratamento adequado. Este facto deve-se à parca procura de ajuda especializada, escassez de respostas dos Cuidados de Saúde Mental de proximidade. Ao desconhecimento de que a depressão tem cura. E que deve ser tratada pela medicina geral e familiar sempre que possível ou nos Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental”, salienta Joaquina Castelão, presidente da FamiliarMente.

“Para que a população tenha esta consciência é necessário aumentar a literacia relacionada com a doença e implementar e desenvolver as Equipas Locais de Saúde Mental, proporcionando cuidados especializados de proximidade e em tempo útil”, acrescenta Joaquina Castelão.

Segundo o relatório Saúde Mental em Tempos de Pandemia, divulgado em janeiro deste ano, 27 por cento dos inquiridos indicaram ter sintomas moderados a graves de ansiedade e 26 por cento sintomas de depressão. 

“E estes valores são preocupantes, tendo em conta que Portugal é o segundo país da Europa com as taxas de prevalência mais elevadas em doenças psiquiátricas”, alerta Maria João Heitor, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM).

Quais são os sintomas de depressão?

De acordo com o guia para classificação de doenças mentais, DSM-IV-TR, a depressão manifesta-se quando cinco ou mais dos sintomas estão presentes por um período de duas semanas e representam uma alteração do comportamento: 

– Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias.

– Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias

– Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias;

– Insónia ou hipersónia quase todos os dias

– Agitação e ou lentificação psicomotora quase todos os dias

– Fadiga ou perda de energia quase todos os dias

– Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias

– Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, e ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros)

– Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico e tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

Com base na observação (por relato subjetivo ou observação feita por outros), queixas e história clínica do doente, realiza-se o diagnóstico de depressão.

Quando os sintomas de depressão persistem por algumas semanas torna-se necessário procurar ajuda médica. Desse modo, a doença pode ser tratada numa fase ainda precoce. E os sintomas não se agravam.

Os familiares e amigos têm um papel fundamental no reconhecimento dos sintomas. E devem aconselhar o doente a procurar tratamento o mais cedo possível.

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