O PS está disponível para propor uma nova comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), desde que seja possível começar e acabar a averiguação nesta legislatura.
“O PS irá propor um novo inquérito parlamentar desde que estas duas condições sejam reunidas, porque senão temos um inquérito parlamentar inconclusivo, como aconteceu no passado”, disse à agência Lusa o deputado João Paulo Correia.
Essas “condições fundamentais”, apontou, prendem-se com a entrega aos deputados do “relatório da auditoria feita à gestão da Caixa entre 2000 e 2015” e com a promulgação, pelo Presidente da República, do “diploma que o parlamento aprovou há três semanas, a obrigar os bancos a fornecer toda a informação que é requerida pelas comissões de inquérito”.
“Estas duas condições são essenciais porque estas duas condições não existiram no último inquérito parlamentar à Caixa” e vão permitir “que a próxima comissão de inquérito funcione bem, produza resultados úteis ao país, que se apure as responsabilidades e os responsáveis”, referiu o também coordenador do PS na área das Finanças.
Outra das condições apontava pelos socialistas é a existência de “condições para começar e acabar o inquérito nesta legislatura”.
“Há eleições em outubro e tem que haver tempo útil para que o inquérito parlamentar comece e acabe nesta legislatura e que não haja também aquela pressão do tempo para se chegar a conclusões à pressa”, notou o parlamentar.
João Paulo Correia disse, contudo, acreditar que “até ao final de julho há tempo para o inquérito parlamentar”, embora dependa “muito, também, de quando é que estas condições se puderem reunir”.
Uma versão da auditoria da EY à CGD relativa ao período 2000-2015, com data de dezembro de 2017, refere que os administradores do banco público receberam “remuneração variável” e “voto de confiança”, mesmo com resultados negativos.
A auditoria aponta “importantes insuficiências” organizacionais que poderão ter contribuído para decisões pouco fundamentadas na concessão de crédito e detetou sete operações de concessão de crédito com risco grave ou elevado e perdas, só nestas, de mais de 1.000 milhões de euros, entre as quais as operações de financiamento da fábrica da La Seda de Barcelona, em Sines.
O Ministério Público disse hoje “nada ter a opor” que a CGD disponibilize ao parlamento a auditoria feita pela EY à gestão do banco público.
“O Ministério Público concluiu nada ter a opor que a CGD, entidade que ordenou a elaboração da referida auditoria e que está em condições de a expurgar de eventual matéria que considere estar em segredo bancária, a disponibilize à AR [Assembleia da República]”, anunciou em comunicado a Procuradoria-Geral da República.