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O perfil do condutor português e a sinistralidade rodoviária em estudo

Mulher_Conduz_900Em situações de stress ao volante como reagem os condutores portugueses? Que comportamentos de risco adotam durante a condução? O perfil do condutor português. O multitasking (o carro é uma extensão do escritório) e o locus de causalidade externa. Estudo da Continental ajuda-nos a perceber a realidade e a evitar acidentes.

A Continental Pneus Portugal apresentou, no Pavilhão do Conhecimento, as principais conclusões de um estudo sobre o comportamento de condução dos portugueses. O estudo coordenado pelo IPAM surge no âmbito do projecto Visão Zero Acidentes, e pretende dar algumas pistas sobre as atitudes dos condutores portugueses em relação à segurança rodoviária e compreender o seu comportamento de condução.

Os dados recolhidos permitem colocar em evidência o perfil “multitasking” dos portugueses, a importância da atividade profissional associado aos níveis de stress e ao impacto que estes desempenham no seu comportamento durante a condução, bem como a confirmação que o locus de causalidade externa é efectivamente uma característica cultural predominante dos portugueses: “a culpa não é minha”.

O estudo permitiu ainda identificar os principais comportamentos de risco durante a condução assumidos pelos portugueses e de onde se destaca:

  • Receber e fazer chamadas com sistema de mãos livres (75 por cento)
  • Comer e beber (75 por cento)
  • Conduzir excesso de velocidade em zonas residenciais (74 por cento)
  • Conduzir em excesso de velocidade em autoestrada (72 por cento)
  • Receber/Ler e enviar SMS (63 por cento)
  • Passar um sinal que acabou de ficar vermelho (60 por cento)
  • Receber e Fazer chamadas sem sistema de mãos livres (53 por cento)

Ainda na análise dos comportamentos de risco, de destacar que só 28 e 26 por cento dos inquiridos refere que nunca conduziu em excesso de velocidade nas auto-estradas e nas zonas residenciais respectivamente. 25% nunca bebeu ou comeu enquanto conduzia e só 25% nunca fez nem recebeu chamadas em sistemas mãos livres. De realçar que apesar de permitida a utilização de kits mãos livres, a utilização do telemóvel pode aumentar situações de falta de foco na estrada.

Os dados permitem ainda constatar que os portugueses têm consciência dos riscos da adopção de determinados comportamentos durante a condução, sendo que aqueles a que associam níveis mais elevados de risco: são enviar emails, fazer relatórios, ler, e utilizar as redes sociais.

Do outro lado da escala, surge a utilização telemóvel em sistema mãos livres, o conduzir em excesso velocidade na auto-estrada e o comer e beber, como os comportamentos mais frequentes a que os condutores associam menor risco.

Da análise dos dados de comportamento medidos a partir da Escala DBS – Driving Behavior Survey -, em situações de stress ao volante que deixam o condutor ansioso, tenso ou desconfortável como reage o condutor português? – permite-nos concluir que 84 por cento dos inquiridos reage com um comportamento cuidadoso/exagerada precaução. O comportamento agressivo e hostil revela-se em 27 por cento dos condutores e 11 em cada 100 têm um desempenho deficitário.

Decorrente ainda da análise da escala DBS, conclui-se que os condutores mais jovens, entre os 18 e os 25 anos, são os que mais reportam um desempenho deficitário, em situações de stress ao volante. Nesta “classificação” 12 por cento revela que tem dificuldade em entrar no trânsito.

Por outro lado, os condutores que percecionam ter mais stress na sua atividade profissional são os que revelam mais comportamentos agressivos ao volante.

Os condutores que mais se preocupam em manter um estilo de vida saudável são os que revelam menos tendência para a agressividade ao volante.

De entre as atitudes adotados por quem revela um comportamento mais agressivo – 35 por cento grita com os outros condutores, um terço diz palavrões e 29 por cento buzina aos outros condutores.

No que se refere ao comportamento característico de exagerada precaução: 91 por cento mantém a velocidade estável de forma a acalmar-se e 81 por cento tenta afastar-se dos outros automóveis . Já 73 por cento diminui a velocidade até se sentir mais confortável.

O perfil do condutor português

O perfil do condutor português traçado pelo estudo diz-nos que mais de metade já teve um acidente rodoviário (55 por cento), que 85 por cento usa diariamente o automóvel, faz percursos diários médios até 50 quilómetros (62 por cento) e gasta em média por dia na estrada entre 30 e 60 minutos (39 por cento).

A preocupação com a segurança rodoviária está essencialmente presente quando as condições meteorológicas são adversas à condução (92 por cento). Em segundo lugar aparece a condução com crianças em ex-aqueo com o estado de cansaço (89). Em terceiro, os portugueses estão mais preocupados com a segurança rodoviária quando viajam acompanhados (76) e na quarta posição aparece o stress (72 por cento).

Outro fator importante a realçar e que este estudo veio comprovar é que existe efectivamente correlação entre o número de horas de sono, o nível de stress percepcionado e a adopção de comportamentos de risco ao volante. Os condutores que mais têm comportamentos de risco ao volante são os que dormem menos – 24 por cento dorme menos de seis horas por noite e 40 por cento dorme entre seis a sete horas.

As questões disponibilizadas no inquérito tinham como objetivo analisar caracterizar o comportamento de condução, a actividade profissional exercida, caracterização dos tempos livres, estilo de vida saudável, bem como uma caracterização sociodemográfica.

Este estudo quantitativo coordenado pelo IPAM foi antecedido por um estudo qualitativo, através da realização de quatro focus group de dois segmentos: jovens condutores (18-24 anos, H/M), com carta de condução + acesso a automóvel e jovens famílias (pais entre os 25-44 anos, classe social A, B, C1, com pelo menos um filho e um carro).

As conclusões do focus group já apontavam para o perfil multitasking dos condutores – os jovens enquanto conduzem cantam e ouvem música, fumam, usam o telemóvel, maquilham-se e tomam o pequeno almoço. As famílias com filhos “aproveitam a viagem para ler e responder a emails, para contactos telefónicos e enviar SMS. Ler relatórios e tratar agenda, lanchar, almoçar, maquilhagem e gerir as crianças no banco traseiro, são mais algumas das actividades referenciadas.

Em Portugal, e de acordo com a ANSR (Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária), entre 1 de janeiro e 31 de maio de 2016, ocorreram 52.071 acidentes rodoviários, mais 3.453 do que no mesmo período de 2015 (48.618). que provocaram 159 mortos.

A ANSR refere igualmente que 746 pessoas ficaram gravemente feridas entre janeiro e maio, menos 107 do que no mesmo período do ano passado. Por sua vez, os feridos ligeiros aumentaram este ano, com um registo de 14.794 pessoas, mais 317 do em que em igual período de 2015.

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