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Pedrógão Grande: Todos os responsáveis políticos perceberam a necessidade da coesão social

O Presidente da República realçou hoje que, um ano depois do grande incêndio de Pedrógão Grande, todos os responsáveis políticos, dos parlamentares ao Governo, perceberam a necessidade de defender e praticar a coesão social no país.

“Não é só para a Europa que nós defendemos a coesão social. A caridade bem entendida deve começar na própria casa. Isto é, a coesão social é defendida e deve ser defendida e praticada cá dentro. E todo o Portugal percebeu isso”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava na sessão de apresentação do projeto “Pinhal de Futuro”, que faz o acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes dos 06 aos 18 anos afetados pelos incêndios de 2017 na região.

Segundo o chefe de Estado, “há que ser justo”, considerando que o povo português como um todo percebeu a importância da coesão social no país, “mas também perceberam os responsáveis políticos como um todo”.

“Aí, não faria discriminações. Todos os órgãos de soberania perceberam. Percebeu o Governo, como percebeu o Presidente da República, como perceberam os parlamentares – todos eles, dos mais diversos quadrantes -, como perceberam os responsáveis da administração central, passando a entender aquilo que é a vivência de área do poder local”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República realçou que “tudo isto, de repente, mudou e mudou em menos de um ano”.

Na sua perspetiva, Portugal “mudou irreversivelmente” depois de ter vivido e assistido aos grandes incêndios de 2017.

Repetindo as ideias que já tinha dito à entrada aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa salientou novamente que Portugal ganhou “uma compreensão, um entendimento de realidades que não compreendia”.

“Aquele que pensa que pode seguir sozinho, não pode”, alertou.

Numa sessão que decorreu na escola de Castanheira de Pera, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que estava à espera de outros resultados no rastreio às crianças e jovens da região afetada pelos incêndios de junho de 2017.

Segundo o estudo, cerca de 8 por cento dos alunos entre os 6 e os 18 anos da região afetada pelo grande incêndio de Pedrógão Grande apresentam sintomas de stress pós-traumático.

Marcelo estava à espera de mais – de taxas de “15 por cento ou de 20 por cento ou de 30 por cento”.

“Não me admiraria nada que fosse assim e não foi devido ao espírito de família” que se sente na zona, entre familiares, amigos, passando pelas instituições locais, como as escolas ou os municípios, notou.

Já no final de um discurso para uma plateia onde estavam pais e crianças da região, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que “construir o Pinhal do futuro [numa alusão ao projeto de acompanhamento dos alunos] é celebrar a vida”.

O Presidente da República confidenciou que antes do programa oficial deu uma volta sem “o peso do protocolo” pela vila e reparou em jovens que se preparavam hoje para um jantar de finalistas.

Esse exemplo e outras iniciativas como o Festival Literário Internacional do Interior, onde participa hoje, são sinais de “esperança”, de uma região que “olha para o futuro”, constatou.

“Essa esperança é que faz com que a cicatrização seja mais rápida. Que fique lá a cicatriz, mas que fique com um sinal não apenas de passado, mas de futuro, de capacidade de renascer, de reviver, de construir esse futuro diferente para o Pinhal, que é construir um futuro diferente para todos nós”, salientou.

O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.

As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.

Em outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.

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