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“Morreu uma boa parte de mim”, diz bombeiro sobrevivente do fogo de Pedrógão em testemunho tocante

A recuperar e a tentar seguir com a vida quatro anos depois do fatídico dia 17 de junho de 2017, Rui Rosinha, um dos bombeiros que sobreviveu ao fogo de Pedrógão Grande, prestou um testemunho tocante sobre o que deve ser a vida.

Os anos passam mas o fogo deixa marcas no corpo e na mente de Rui Rosinha que se viu obrigado a uma aposentação forçada, depois de ser uma das vítimas do violento incêndio de há quatro anos, que causou várias mortes e feridos.

Rui Rosinha conta que naquele dia “morreu uma boa parte” daquilo que era. “Da pessoa que eu era, do homem que eu era. Deixei de ser muitas coisas”, lamenta o soldado da paz.

“Nunca mais voltei a ser bombeiro no ativo, nunca mais voltei a ter a minha profissão”, conta o homem que ficou com grande parte do corpo com queimaduras provocadas pelo fogo.

Rui Rosinha e a sua equipa deslocavam-se de um fogo para outro quando um carro embateu no veículo dos bombeiros. E a partir daí, num dia que jamais sai da memória de Portugal.

“Força demoníaca, ventos ciclónicos”

“Aconteceu o que ninguém espera”, contou o bombeiro, em declarações na TVI, ele que tem um grau de incapacidade de 85 por cento.

Já em declarações na SIC, Rui Rosinha lembra o dia “extremamente quente e abafado” que se fazia sentir, longe estava ele de imaginar, contudo, aquilo que iria acontecer.

“O incêndio que estava longe de nós, estava em cima de um momento para o outro com uma força demoníaca, ventos ciclónicos”.

O bombeiro relata que naquela altura “tudo que eram ramos a arder nas árvores” soltavam-se e acabam por bater nos bombeiros.

Perante o cenário de inferno de chamas, Rui Rosinha conta que já debilitado fisicamente, sentiu que tinha de lutar.

“Não me podia entregar. Tinha que me manter em alerta”, revela o bombeiro, dizendo que depois daquele dia “as coisas nunca mais foram as mesmas”.

“Não vale a pena fazer planos. Tudo acaba em segundos quando se está no lugar errado na hora errada.”

O incêndio de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou a morte a 66 pessoas.

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