José Sócrates acusa Ministério Público de fazer “o trabalho sujo” da “direita política”
Num artigo de opinião visando Rui Rio, presidente do PSD, a propósito do TGV, José Sócrates acusou o Ministério Público de, “conscientemente”, fazer “o trabalho sujo” da “direita política”.
A acusação surge no meio de um longo texto, que publicou nas redes sociais, visando a atitude do PSD face ao TGV.
“O problema [do TGV] tem apenas a ver com o Governo Sócrates. O problema reside no facto deste projeto se ter transformado numa bandeira daquele Governo”, salientou o antigo primeiro-ministro, sustentando que o projeto começou por ser apoiado pelo PSD “ainda no Governo Durão Barroso”.
“Depois, na oposição, resolveu criticá-lo e, mais tarde, já de novo no Governo, decidiu suspendê-lo, apresentando-o como símbolo de despesismo”, continuou.
E surgiu então a crítica, bem direta, ao Ministério Público.
“Mas era preciso ir ainda mais longe. O resto do trabalho sujo foi feito pelo Ministério Público que, conscientemente, criminalizou o projeto, incluindo-o na acusação do Processo Marquês”, escreveu José Sócrates, arguido no referido processo.
E resumiu a acusação: “A tese do Ministério Público é que eu como primeiro-ministro terei andado anos e anos a fingir que queria fazer o TGV, quando, afinal, o que queria era que o concurso fosse chumbado pelo Tribunal de Contas, de modo a que os concorrentes tivessem uma indemnização a que não teriam direito se a cláusula não existisse”.
Para José Sócrates, “o que mais impressiona nesta história é que a cumplicidade entre Ministério Público, o jornalismo e a política tivessem sido capazes de transformar uma acusação estapafúrdia numa acusação aparentemente séria”, feita sem “qualquer indício ou prova”.
“O insulto basta”, acrescentou.
A fechar o artigo de opinião, o antigo primeiro-ministro considerou que chegámos “ao momento em que a política se torna refém do Ministério Público, aceitando que seja este a decidir o que deve e não deve ser feito para o desenvolvimento do país”.
Pelo meio, José Sócrates aproveitou para se referir a Rui Rio como mais um “destes personagens que fazem da ‘cautela’ uma carreira e passam toda a sua vida a explicar aos outros que o melhor é não fazer nada”.