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“O encobrimento só agrava as coisas, não as resolve”, avisa Sócrates

José Sócrates, antigo primeiro-ministro, figura central e mais mediática no âmbito da operação Marquês, decidiu escrever uma carta aberta ao Conselho Superior da Magistratura onde, entre outras coisas, compara a posição desta instituição com a Igreja Católica e a forma como começou por lidar com os relatos de abusos contra crianças.

O antigo chefe do Governo lamenta a forma como se chegou à escolha do juiz do caso onde é arguido. “Foi uma trapaça jurídica com o objetivo de escolher, de forma arbitrária, o juiz do caso”, acusa José Sócrates.

Salientando que se foi assistindo, entre outras coisas, ao “festim” em relação ao segredo de justiça, José Sócrates diz que continua sem compreender a sua detenção em pleno aeroporto quando estava a regressar a Portugal.

“Um juiz capaz de ordenar a detenção no aeroporto por perigo de fuga quando estava a entrar no país e não a sair”, refere, em jeito de lamento, o antigo governante.

Na carta que faz publicar no Diário de Notícias, José Sócrates critica a forma como decorreu a distribuição do processo e escolha do juiz, dizendo que é “revoltante” aquilo a que tem assistido.

“O descarte de responsabilidades é absolutamente revoltante. Mas mais revoltante ainda é que o Conselho Superior da Magistratura normalize essas práticas.”

Sem se deter, e velando críticas ao juiz Carlos Alexandre, José Sócrates refere que “o que resulta absolutamente evidente do mapa de distribuições daquele tribunal é que os chamados ‘processos mediáticos’ foram fraudulentamente atribuídos ao juiz Carlos Alexandre”.

José Sócrates acaba ainda por tecer comparações entre as reações da Igreja Católica quando confrontada, inicialmente, com abusos de crianças e o que conseguiu ler no relatório recente do Conselho Superior da Magistratura.

“A Igreja demorou a aprender. Espero que o sistema judicial não leve tanto tempo a perceber que o encobrimento só agrava as coisas, não as resolve.”

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