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Desminagem devolve 46,9 hectares para campos agrícolas na província angolana do Bié

O Instituto Nacional de Desminagem (INAD) de Angola destruiu no sábado 7.707 engenhos explosivos não detonados na província angolana do Bié, deixando oficialmente livres 46,9 hectares de terras para a agricultura, noticia hoje a imprensa local.

O chefe de departamento do INAD no Bié, Barnabé Frederico, a destruição das minas ocorreu no município do Cunhinga, 30 quilómetros a norte da cidade do Cuíto, tendo sido inutilizadas 51 minas antipessoais, 14 minas antitanques, 1.118 engenhos diversos, 6.500 munições de pequeno calibre e 24 armas em estado obsoleto.

A remoção do material letal permitiu desminar uma área de 467.527 metros quadrados (46,9 hectares) nos municípios do Cuíto, Andulo e Cunhinga, todos no Bié.

Por seu lado, o chefe da sala operativa da Comissão Nacional Intersetorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDA), Ismael Brito Sipi, lembrou que, em 2018, foram registados três acidentes com minas, que provocaram um morto e dez feridos, sete deles crianças, nos municípios de Camacupa, Cuíto e Andulo.

Em 2017, acrescentou, foram registados cinco acidentes com minas, com resultado de oito mortes e 16 feridos.

Para reduzir mortes causadas por engenhos explosivos, o INAD e as Forças Armadas Angolanas continuam a sensibilizar as populações sobre os perigos de minas, enquanto outras organizações não governamentais deixaram de operar, tendo em conta a falta de financiamentos.

Angola assinalou este ano o Dia Internacional de Sensibilização para o Perigo das Minas, 04 de abril, numa altura em que as áreas confirmadas com contaminação de minas e outros engenhos explosivos representam uma superfície de 94.352.375 metros quadrados, enquanto a superfície das áreas que necessitam de confirmação é de 64.300.530 metros quadrados.

As autoridades dizem ser impossível especificar o número de minas existentes nas áreas minadas.

A 20 de novembro último, em Genebra (Suíça) Angola pediu às Nações Unidas uma extensão do prazo até janeiro de 2026 para eliminar 1.465 áreas minadas, totalizando 221,4 quilómetros quadrados.

Em 2017, cinco países apresentaram pedidos de extensão de prazos para completar as suas obrigações ao abrigo do Artigo 5 (Destruição de minas antipessoal em áreas minadas) em que cada país se compromete a assegurar a destruição de todas as minas em áreas minadas.

Segundo o relatório “Landmine Monitor” sobre a situação em 2017, uma iniciativa da organização não-governamental Campanha Internacional para a Abolição de Minas (ICBL – Internacional Campaign to Ban Landmines), a ONU solicitou a Angola a apresentação de um plano de trabalho atualizado e detalhado, proporcionando maior clareza sobre a quantidade de terrenos e marcos contaminados.

Angola continua entre os 11 países com maior área contaminada – mais de 100 quilómetros quadrados do total do território.

Em abril de 2018, Angola reportou um total de 147,6 quilómetros quadrados de áreas minadas – 89,3 quilómetros quadrados de áreas perigosas confirmadas e 58,3 quilómetros quadrados de áreas suspeitas perigosas, indica o relatório.

A Campanha Internacional para a Abolição de Minas é uma rede global com presença em cem países e com o objetivo de erradicar minas antipessoais e explosivos remanescentes de guerra.

Criada em 1992, a ICBL recebeu em 1997 o Prémio Nobel da Paz pelo reconhecimento do seu esforço para colocar em prática um tratado internacional para banir as minas.

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