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Cristas apanhada em nova contradição

Depois de António Costa, é a vez de Assunção Cristas ser apanhada em contradição. A líder do CDS ficou “perplexa” por um incêndio lavrar “há seis dias” quando em 2013, era ela ministra da Agricultura, um incêndio lavrou durante dez dias, provocando a morte a quatro bombeiros.

A propósito do grande dispositivo montado para combater o fogo de Monchique, a presidente do CDS  afirmou que “esses esforços não foram capazes de impedir que um incêndio esteja a lavrar por seis dias”.

Em 2013, quando Assunção Cristas era ministra da Agricultura e do Mar, os esforços não foram capazes de impedir que um incêndio lavrasse durante dez dias na serra do Caramulo.

Nesse verão, morreram nove pessoas devido aos incêndios, incluindo quatro bombeiros que perderam a vida a combater as chamas no Caramulo.

Os fogos de 2013 ficaram então na história como os que consumiram a maior área (145 mil hectares) em oito anos.

Não é a primeira vez que Assunção Cristas, enquanto oposição, contradiz afirmações ou tomadas de posição política dela mesma quando era governante.

Em 2011, não reagiu contra o Governo que integrava quando este acabou com a isenção das taxas moderadoras para os bombeiros, mas ainda no ano passado propôs a criação de um ‘cartão social’ para os bombeiros.

Foi também Assunção Cristas quem, enquanto ministra da Agricultura, liberalizou a plantação do eucalipto, a árvore apontada pelos especialistas como a que mais favorece o crescimento e propagação dos incêndios.

Num polo oposto ao fogo, a água, foi a ministra Cristas quem tomou, em 2012, uma inédita medida política para combater a seca: “Rezar que chova”.

Convém salientar que a presidente do CDS não é a única política de topo a contradizer-se: aliás, o pior exemplo vem do próprio primeiro-ministro, do PS.

Ainda no passado mês de junho, António Costa foi à serra de Monchique para a classificar como “exemplo na prevenção” de incêndios rurais.

“Foi propositadamente que escolhemos Monchique, porque é um dos concelhos do Algarve que não tem praia, mas tem uma riqueza enorme, que é esta serra”, justificou o líder do executivo.

A verdade é que, em questão dos incêndios, em fácil encontrar contradições. Basta recordar as promessas, de governantes e responsáveis de diferentes áreas políticas, de reforçar os dispositivos de prevenção civil e combate ao fogo, ou as leis que surgem quase a cada ano para regular a limpeza dos terrenos florestais.

Na sequência do ‘verão quente’ de 2013, foi encomendado um ‘estudo’ a uma ‘comissão científica’, na qual estava Xavier Viegas, o líder da comissão que analisou os grandes incêndios de 2017, incluindo Pedrógão.

Nas conclusões, o estudo apontava para “temperatura muito elevada”, “elevada carga de combustíveis”, “dificuldades de acesso”, “vento forte e irregular” e uma incorreta gestão dos meios no terreno.

“O número de meios terrestres no terreno foi suficiente para fazer face aos incêndios e mais meios não iriam alterar substancialmente o resultado final. (…) Detetámos alguma dificuldade em receber tantos meios que vinham chegando ao teatro de operações num período tão curto de tempo e atribuir‐lhes uma missão”, salientaram os peritos.

Houve “muitos” bombeiros que “trabalharam durante tempo excessivo”, assim como “o inverso”, com corporações “de outros pontos do país que pouco ou nenhum trabalho de combate realizaram”.

 

Foram também registadas “algumas situações pontuais de tensão entre as diferentes entidades” envolvidas e falhas “no acesso à informação” por parte de quem estava no terreno.

Para finalizar, uma contradição do próprio Estado. Um dos motivos para os grandes incêndios é “a elevada carga de combustíveis”. A análise ao incêndio do Caramulo, em 2013, concluiu que “uma parte importante da área ardida está sob gestão direta do Estado”.

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