Nas Notícias

“Temos de cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios”, diz Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa já tomou posse como Presidente da República, numa cerimónia que está a decorrer na Assembleia da República. A entrada em funções do 20.º chefe de Estado representa também o adeus a Cavaco Silva.

O novo Presidente da República tomou posse, nesta quarta-feira, numa cerimónia oficial que decorreu na Assembleia da República. Marcelo Rebelo de Sousa sucede a Cavaco Silva no cargo de chefe de Estado. E deixou palavras para o futuro: “Temos de cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social, na perda de consensos de regime, na divisão entre hemisférios políticos”, afirmou.

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, prestou uma homenagem a Cavaco Silva, num discurso que não gerou consenso, ou que não foi aplaudido por todos os convidados da cerimónia.

“Portugal é a razão de ser do compromisso solene que acabo de assumir”, começou por dizer Marcelo, num elogio ao país e aos portugueses, no primeiro discurso como Presidente da República.

O seu antecessor foi recordado. “É estrito dever de justiça dirigir uma palavra de gratidão pelo empenho do interesse nacional, sacrificando a vida pessoal, académica e pessoal”, afirmou Marcelo, na sua homenagem a Cavaco Silva.

Numa viagem ao passado, até às epopeias marítimas, Marcelo Rebelo de Sousa destacou os grandes momentos da história portuguesa, com enfoque na conquista da Democracia.

Olhando para o presente e projetando o futuro, frases fortes, em termos internos e externos, no âmbito da União Europeia, nos seus desafios e dramas.

“Temos de ser fiéis aos compromissos a que soberanamente nos vinculámos – em especial, aos que correspondem a coordenadas permanentes da nossa política externa, como a União Europeia, a CPLP e a Aliança Atlântica –, nunca perdendo a perceção de que, também quanto a elas, há sinais de apelo a reflexões de substância, de forma, ou de espírito solidário, num contexto muito diverso daqueles que testemunharam as suas mais apreciáveis mudanças. Os desafios dos refugiados na Europa, da não discriminação económica e financeira na CPLP e das fronteiras da Aliança Atlântica, são apenas três exemplos, de entre muitos, de questões prementes relevantes, mesmo se incómodas”, destacou.

“Temos de sair do clima de crise, em que quase sempre vivemos desde o começo do século, afirmando o nosso amor-próprio, as nossas sabedoria, resistência, experiência, noção do fundamental”.

“Temos de ir mais longe, com realismo mas visão de futuro, na capacidade e na qualidade das nossas Educação e Ciência, mas também da Saúde, da Segurança Social, da Justiça e da Administração Pública e do próprio sistema político e sua moralização e credibilização constantes, nomeadamente pelo combate à corrupção, ao clientelismo, ao nepotismo”, avisou o novo Presidente da República.

Para Marcelo, Portugal tem de perceber que, “sem rigor e transparência financeira, o risco de regresso ou de perpetuação das crises é dolorosamente maior”. Por outro lado, “finanças sãs desacompanhadas de crescimento e emprego podem significar empobrecimento e agravadas injustiças e conflitos sociais”.

“= poder político democrático não deve impedir, nos seus excessos dirigistas, o dinamismo e o pluralismo de uma sociedade civil – tradicionalmente tão débil entre nós –, mas não pode demitir-se do seu papel definidor de regras, corretor de injustiças, penhor de níveis equitativos de bem-estar económico e social, em particular, para aqueles que a mão invisível apagou, subalternizou ou marginalizou”.

“Esperam-nos cinco anos de busca de unidade, de pacificação, de reforçada coesão nacional, de encontro complexo entre democracia e internacionalização estratégica, dentro e fora de fronteiras e entre crescimento, emprego e justiça social de um lado, e viabilidade financeira do outro, de criação de consonâncias nos sistemas sociais e políticos, de incessante construção de uma comunidade convivial e solidária”, projetou Marcelo Rebelo de Sousa, num discurso onde evocou Miguel Torga.

 

Em destaque

Subir