Ciência

Chineses criam macacos autistas para compreender a doença

Macaco_900Investigadores chineses criaram macacos autistas, introduzindo o gene humano associado à doença, com o objetivo de encontrar tratamentos para este problema de saúde. Um artigo publicado na revista científica britânica Nature explica esta experiência realizada no Instituto de Neurociências de Xangai.

Uma equipa de investigadores chineses encontrou uma forma de avançar no conhecimentos do autismo, para chegar ainda mais longe, na perceção da doença, e procurar tratamentos.

Para o efeito, introduziram em macacos um gene humano associado ao autismo, explica o artigo divulgado na Nature.

Os macacos foram geneticamente modificados, com a finalidade de apresentarem os mesmos comportamentos que os seres humanos que padecem deste problema de saúde.

Depois, os cientistas analisaram alguns efeitos muito comuns nos autistas, como os movimentos repetitivos, a ansiedade, ou problemas de interação social.

O recurso a macacos transgénicos justifica-se com o facto de aqueles primatas representarem o melhor modelo para o estudo de transtornos complexos como o espectro do autismo. Os roedores não permitiriam chegar a informação nova.

A finalidade desta investigação é contribuir para o desenvolvimento de tratamentos da doença, através do estudo dos sintomas.

A equipa liderada por Zilong Qiu, cientista do Instituto de Neurociências de Xangai, criou um modelo primata com autismo, através da duplicação do gene MECP2, um distúrbio do desenvolvimento neurológico da criança.

Os investigadores recorreram a oito macacos alterados geneticamente e a cinco pequenos primatas, também eles portadores do gene humano herdado de um macaco macho modificado.

Depois, os autores deste estudo analisaram os comportamentos associados ao autismo: desde os movimentos repetidos, à ansiedade, passando pela perda contacto social com outros animais.

A equipa de Zilong Qiu notou esses sintomas em todos os macacos: os adultos e os pequenos, que herdaram o gene.

O passo seguinte deste estudo foi identificar as deficiências da atividade cerebral dos primatas em análise.

Identificado este problema de circuito – que tem associação aos problemas de comportamento do autista – os investigadores pretendem fazer testes, mas num outro patamar: no tratamento.

Os macacos transgénicos serão sujeitos a técnicas inovadoras de manipulação genética, que permitirão chegar às alterações desejadas.

A questão ética foi levantada, mas Zilong Qiu garante que a metodologia usada para este estudo cumpre as regras internacionais.

“Trata-se de uma excelente pesquisa, que permitiu criar um modelo sofisticado de autismo, o que tornará possível melhorar a nossa capacidade de compreensão da doença e, eventualmente, descobrir tratamentos adequados”, afirma James Cusack, diretor de pesquisa de uma associação de autismo.

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