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Catarina Martins diz que ainda é necessário mudar mentalidades sobre direitos das mulheres

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou hoje que ainda é necessário mudar mentalidades em Portugal relativamente aos direitos das mulheres, algo que assume ser difícil de fazer.

Catarina Martins marcou hoje presença na manifestação feminista que juntou alguns milhares de pessoas no Terreiro do Paço, em Lisboa.

“As mentalidades têm de ser mudadas e é sempre difícil porque a luta pelos direitos da igualdade muitas vezes confronta-nos a nós próprios com comportamentos que são desiguais, que são machistas no quotidiano, e que às vezes até temos dificuldade em aceitar que temos de mudar nós próprios a maneira como agimos”, disse a líder do BE aos jornalistas, momentos antes de o grupo iniciar uma marcha até ao Rossio.

Foram vários os deputados e deputadas do BE que se fizeram representar na manifestação, a par da eurodeputada e cabeça de lista do partido às eleições europeias, Marisa Matias, e do ex-líder e fundador, Francisco Louçã.

Apontando que “Portugal tem leis que são em boa medida algumas das mais importantes, que são progressistas”, Catarina Martins referiu que a prática “ainda não corresponde” àquilo que tem sido “feito do ponto de vista legislativo”.

A coordenadora nacional bloquista advogou, porém, que as lutas pela igualdade são difíceis, mas “quando vencem, ganha toda a gente”, e esta manifestação permitiu notar que “há um país que se levanta a dizer que as mulheres e os homens precisam de ter os mesmos direitos em Portugal”.

“Eu julgo que a violência a que assistimos nas últimas semanas também engrossa esta manifestação, é natural que assim seja, e quer dizer que se responde à violência com coragem de vir para a rua e exigir direitos, e isso é muito importante, nunca se conquistou nada sem luta”, continuou, elencando que “as mulheres sempre lutaram, desde o direito ao voto ao direito a casar e a divorciarem-se, ao direito sobre o seu corpo”.

“Lutamos todos os dias pelo direito a sairmos à rua sem medo, lutamos ainda por salários iguais, porque as mulheres continuam a ganhar menos do que os homens, lutamos pelos direitos do trabalho, lutamos pela educação”, acrescentou.

Catarina Martins lembrou ainda que o Bloco de Esquerda “nasceu, em boa medida, por causa de movimentos feministas”.

Questionada sobre a violência doméstica, a bloquista referiu que o parlamento está a analisar propostas de vários partidos, e que o combate a este flagelo “é um caminho a fazer”.

“O Bloco de Esquerda tem proposto esse caminho há muito tempo, nalgumas coisas fomos avançando, outras têm tardado. O facto de neste momento outros partidos, que tradicionalmente não tinham outras propostas e até não concordaram com elas, estarem a apresentá-las agora, quer dizer que se calhar vamos conseguir dar passos mais decididos, é o que nós esperamos, é por isso que lutamos também”, frisou.

Também presente na manifestação, a eurodeputada Marisa Matias considerou que a luta pelos direitos das mulheres “é uma luta que tem de continuar” e que ainda “há muito por fazer”.

A luta é “reconhecer os direitos que foram conquistados, e continuar a lutar para que possa haver mais igualdade”, salientou, acrescentando que “hoje é um dia de luta, é um dia para avançar com estas lutas”.

Também o deputado do PAN, André Silva, esteve no Terreiro do Paço para apoiar as mulheres.

Em declarações àgência Lusa, o parlamentar apontou que “as mulheres são o contingente mais desfavorecido relativamente aos homens”, e elencou que “um quarto das mulheres está, de facto, em risco de pobreza, as mulheres ganham menos relativamente aos homens, trabalham mais, têm uma maior carga horária e depois sofrem todo o tipo de violências, nomeadamente a violência dos seus companheiros, com quem partilham uma vida”.

“Há aqui uma responsabilidade social e uma responsabilidade também judicial, na forma como olhamos para estas matérias”, rematou.

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