Ciência

Bebés que ficam mais de 10 horas na creche ficam mais propensos ao stress e a doenças

Os bebés e crianças que passam entre 10 a 12 horas em creches e jardins se infância ficam mais sujeitos a stress crónico, o qual potencia o desenvolvimento de doenças em adultos como hipertensão ou cancro.

O alerta partiu do pedopsiquiatra Pedro Caldeira da Silva, diretor de pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia.

Portugal tem “um recorde muito triste, é um dos países da União Europeia em que os nossos bebés trabalham mais horas por dia, estão entre 10 a 12 horas, em média, em situação de grupo, a ser cuidados por outros em creches”, adiantou o especialista, em entrevista à agência Lusa.

As crianças acima dos 3 passam pelo mesmo, com “dias de trabalho de 10 a 12 horas”.

O pedopsiquiatra alertou que é necessário combater este stress crónico: “Um bebé que está numa situação de grupo tantas horas, todos os dias, tem repetitivamente um nível de stress elevado”.

Vários estudos comprovam que “esta exposição ao stress é tóxica para o cérebro e que está associada depois a um conjunto de doenças dos adultos”, doenças essas que “preocupam muito”, como a hipertensão, os acidentes vasculares cerebrais, cancro e diabetes, insistiu o chefe de equipa da Unidade da Primeira Infância do Hospital D. Estefânia, que integra o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central.

“Estas doenças estão ligadas a acontecimentos ‘stressantes’ da infância. É uma coisa que já se sabe, embora não se queira tomar conhecimento”, reforça o médico, que fundou a consulta dos Bebés Irritáveis e a consulta dos Bebés Silenciosos, recursos para apoiar as famílias e promover o diagnóstico precoce na saúde mental da primeira infância.

Segundo Pedro Caldeira, “as crianças muito pequenas não têm nenhuma necessidade de ser guardadas em grupo, mas aguentam com isso”.

Antes dos 3 anos, as crianças não deviam frequentar creches, defende.

“Claro que há crianças que indo para a creche têm oportunidades de estimulação que às vezes as famílias não conseguem conceder, mas em abstrato e em geral, as creches não são uma necessidade das crianças, são uma necessidade dos adultos, porque têm de trabalhar”, sublinha.

É “muito importante” distinguir o que é a experiência da criança do que são as ideias dos adultos, acrescenta.

“A experiência individual da criança não corresponde muitas vezes àquilo que os adultos imaginam e, portanto, é sempre muito bom olhar para a criança e ver o que se passa realmente com as crianças”, finaliza.

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