Economia

“Silêncio de Presidente, Governo e partidos sobre Montepio é inexplicável”, diz Bagão Félix

Bagão Félix acusa todos os responsáveis políticos – partidos, Governo e até o Presidente da República – de silenciarem a entrada da Santa Casa no capital do banco Montepio até a operação ser consumada. “Um silêncio inexplicável”, frisou.

O comentador da TSF não entende como é que a entrada de uma instituição social (a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa) no capital de um banco (Montepio) não é debatida por quem tem responsabilidades políticas.

“Esse silêncio é inexplicável”, afirmou Bagão Félix, visando também o Presidente Marcelo, “que tem exercido a sua magistratura de influência de uma maneira bastante ativa, em múltiplos aspetos da vida política e social do País. Gostaria de ouvir a sua presença numa questão que é muito ‘sui generis'”.

“Dos partidos, desde logo, nada se ouviu, embora por regra se pronunciem sobre tudo. Há uma situação de indiferença de todo inexplicável. Quanto ao Governo, é a posição de Pôncio Pilatos. Uma ausência tática, deixando o tempo passar. O assunto está dormente, poucas pessoas falam sobre isto e [a operação financeira] torna-se irreversível”, considerou.

Mas não é só o silêncio que incomoda Bagão Félix: toda a operação é “potencialmente ruinosa” para a Santa Casa.

“Se fosse atrativa do ponto de vista financeiro haveria vários candidatos”, frisou.

“O Montepio tem praticamente um único acionista, a associação mutualista, que não tem capacidade financeira para pôr mais dinheiro no banco. Encontraram, aparentemente, um parceiro, que é a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. De santa já não tinha muito, mas agora de misericórdia passará a banqueira, se a operação se concretizar”, ironizou Bagão Félix.

“Estamos a falar de 200 milhões de euros, não é uma minudência na vida da Misericórdia de Lisboa. Segundo é conhecido, é um terço do que podemos considerar capitais próprios. É uma concentração de risco muito elevada, brutal e desaconselhável”.

O ex-ministro e comentador traçou ainda um paralelo com o aumento do capital que o Caixa Bank fez no BPI, quando comprou mais 40 por cento do capital:

“Se [a Santa Casa] paga 200 milhões por dez por cento, significa que em tese o valor total do banco [Montepio] corresponderia a 2000 milhões de euros. Coisa que evidentemente não é verdade! (…) Pelas mesmas regras, [o BPI] ficaria por cerca de 1500 milhões”.

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