Economia

“Deram milhões” ao Novo Banco “com facilidade e não há trocos para os lares”, diz Bagão Félix

O economista e antigo ministro Bagão Félix criticou a “facilidade” com que foram entregues “milhares de milhões dos contribuintes” ao Novo Banco e “depois não há uns trocos” para os idosos que vivem em lares.

Em declarações à Lusa, o antigo ministro da Segurança Social e do Trabalho (no Governo de Durão Barroso) e das Finanças (no executivo de Santana Lopes) realçou que não é preciso “ser demagógico” para se chegar à mesma conclusão.

“Custa ver a facilidade com que se deram milhares de milhões dos contribuintes, dos cidadãos portugueses [ao Novo Banco] e depois não há uns trocos, ou não houve até agora, para prevenir as situações da covid-19” junto das “pessoas velhas em instituições e lares do nosso país”, afirmou.

“Aí já não há dinheiro. Ou o dinheiro tem de ser muito discutido”, reforçou o antigo vice-governador do Banco de Portugal.

No dia em que o Governo (de António Costa) vai apresentar à Assembleia da República a proposta de Orçamento de Estado para 2021 (OE2021), Bagão Félix lembrou a “escada de faturas para os contribuintes portugueses” que têm sido os empréstimos do Estado para recapitalização do Novo Banco, através do Fundo de Resolução (FdR).

“O principal acionista do FdR é um banco público [a Caixa Geral de Depósitos]. E, portanto, também pagamos por via desse banco público. E pagamos também por via da diminuição do Imposto sobre o Rendimento das pessoas Coletivas (IRC) de todos os bancos”, que corresponde a menos receita fiscal, explicou o economista.

Dos 2976 milhões de euros já injetados no Novo Banco (e ainda faltam pouco mais de 900 milhões de euros), 2130 milhões de euros correspondem a empréstimos estatais através do FDR.

O Governo “resolveu fazer um contrato com uma entidade de toca e foge, que não dava nenhuma estabilidade ao banco”, a Lone Star, que ficou ainda com a possibilidade “de ir buscar capital contingente de quase 4000 milhões de euros que, obviamente, irá buscar”, acrescentou o antigo ministro.

“Até um menino da escola primária percebe isso. É uma questão de velocidade, mas irá buscá-lo”, finalizou Bagão Félix.

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