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Arganil remete para a ‘lenda’ Walter Rohrl

O regresso do Rali de Portugal a Arganil faz recordar alguns duelos da prova que na altura se chamava ‘Rallye de Portugal Vinho do Porto’.

Estava-se em 1980 e um par de Fiat 131 Abarth abordava a prova lusa do Campeonato do Mundo, não com uma mas com duas ‘lendas’ de serviço; Markku Alen e Walter Rohrl.

Se Alen e o Rali de Portugal têm uma ligação ‘umbilical’, a verdade é que nesse ano o alemão emergiu como vencedor, qual D. Sebastião no nevoeiro que então se abateu sobre as classificativas da região centro do país.

O finlandês, com três vitórias em solo lusitano no seu currículo, era o favorito ao triunfo, liderou no começo do rali, mas apenas numa especial. Bernard Darniche e Ari Vatanen também estiveram na frente até o francês ter tido problemas na junta do motor do seu Lancia Stratos e o Ford Escort RS1600 do escandinavo ter uma saída de estrada.

A partir daí a prova pertencia aos Fiat azuis e brancos de Turim. “Na altura era novo na equipa e Alen era o sr. Portugal, tinha ganho tantas vezes e andava sempre depressa neste rali – e daquela vez era o mesmo”, conta Rohrl.

O alto piloto germânico prossegue lembrando o passado: “Estávamos 10 minutos à frente do carro mais próximo, mas Markku continuava a forçar o andamento. Saí de uma especial e o meu carro de assistência despistou-se e bateu no meu carro. Foi mau. As rodas não estavam direitas, mas depois fomos para Arganil…”.

A classificativa de que Rohrl fala tinha 44 quilómetros – é este ano encurtada para 14,44 km – e para além da extensão foi disputada sob condições climatéricas muito difíceis. “Sabia que o nevoeiro viria, por isso tinha treinado esta especial mais do que qualquer outra. Normalmente fazíamos reconhecimentos duas ou três vezes, mas desta vez eu fi-la cinco vezes. Passei a conhecê-la bem. Tão bem que pude deitar-me, fechar os olhos e fazê-la na minha mente. Quando abri os meus olhos estava no final da especial”, recorda o ‘ás’ de Regensburg.

Walter Rohrl diz mesmo: “Parei o relógio e o tempo era o mesmo que eu tinha feito. Era 3m48s mais rápido do que todos os outros. Na linha de partida disse ao Christian (Geistdorfer, o co-piloto) para apertar o seu cinto. Disse-lhe que queria fazer todos os outros darem a sua licença de condução no final desta especial. Queria batê-los a todos”.

E o alemão da Fiat fez isso mesmo, sabendo de cor as curvas e as retas daquela classificativa, apesar dos seus 44 km. Mesmo assim sem quaisquer pontos de referência, escondidos pelo nevoeiro.

“Foi como conseguisse ver através do nevoeiro. Isso mostrou como importante era a preparação do rali. Temos confiança na preparação e ganhamos coragem com essa confiança”, acrescenta Rohrl, como que a explicar como Arganil ganhou a sua fama no Rali de Portugal.

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