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“Advogados do Benfica começaram a ser vistos como leprosos”

Rui Costa Pereira, antigo advogado da PLMJ que defendia o Benfica, lamentou a forma como os profissionais de Direito daquela sociedade passaram a ser encarados.

Antigo advogado da sociedade PLMJ, que defendia o Benfica, Rui Costa Pereira foi ouvido no Campus de Justiça, nesta quinta-feira, no âmbito do processo de julgamento de Rui Pinto e lamentou a forma como os profissionais de Direito da PLMJ passaram a ser encarados quando foram tornadas públicas comunicações, alegadamente intercetadas por Rui Pinto.

“Passámos ‘de bestiais a bestas’ de um dia para o outro. A dado passo, senti que passámos a ser vistos quase como leprosos, em que as pessoas nem se chegavam a nós”, afirmou o jurista, acrescentando:

“As primeiras palavras de conforto nem vieram da PLMJ, vieram de outros colegas. Fomos postos de parte na PLMJ”, contou Rui Costa Pereira.

De acordo com o antigo elemento da sociedade de advogados PLMJ, que integrava a equipa liderada por João Medeiros e que também viu documentos serem divulgados no blogue ‘Mercado de Benfica’ entre o final de 2018 e o início de 2019, várias pastas do seu computador foram acedidas e divulgadas, mas o mesmo não aconteceu com uma pasta relativa à empresa Fidequity, do universo da empresária Isabel dos Santos, principal figura do caso Luanda Leaks.

Paralelamente, o advogado – que agora integra o escritório Vieira de Almeida -, refutou o interesse público destacado pela defesa do arguido para os atos cometidos, lembrando a informação de cariz pessoal que constava na caixa de correio do advogado João Medeiros, igualmente exposta na Internet.

 “Alguém há de me explicar qual é o interesse público na publicação de ficheiros clínicos do filho do João?”, indagou Rui Costa Pereira, a propósito de informações de saúde sobre o filho que estavam no e-mail do seu antigo colega na PLMJ, que confirmou essa situação na sessão da véspera.

Na sessão de julgamento, após ser questionado por Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, sobre o recurso à expressão “leprosos”, Rui Costa Pereira esclareceu que “obviamente essas palavras eram metafóricas”.

Costa Pereira disse que se viveram tempos delicados quando os documentos chegaram à praça pública.

“Vi expostos documentos criados por mim relativos a testemunhas da Benfica SAD no processo E-Toupeira. Foram dias de caos e pânico, não sabíamos o que vinha a seguir. Foi criada uma sala de crise na PLMJ, com meios informáticos, à qual nos dirigíamos sempre que era divulgado mais algum documento”, realçou, citado pelo jornal Record.

Rui Pinto, de 31 anos, vai responder por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência e seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.

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