Economia

Wall Street fecha em baixa depois de Trump anunciar mais sanções à China

A bolsa nova-iorquina encerrou hoje em nítida baixa, depois de os índices terem caído abruptamente no seguimento do inesperado anúncio pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, de mais sanções comerciais à China.

Os resultados definitivos da sessão indicam o seletivo Dow Jones Industrial Average recuou 1,05 por cento, para os 26.583,42 pontos, e o tecnológico Nasdaq cedeu 0,79 por cento, para as 8.111,13 unidades.

Já as perdas do alargado S&P500 ficaram no meio, ao serem de 0,90 por cento, para os 2.953,56 pontos.

Sinal do apetite dos investidores pelos ativos considerados menos arriscados, a taxa de juro paga pela dívida pública dos EUA a 10 anos caiu para o seu nível mais baixo desde novembro de 2016, mesmo antes da eleição de Donald Trump. Às 21:20 de Lisboa, estava em 1,8946 por cento, depois dos 2,014 por cento da véspera.

Os investidores foram apanhados em contrapé quando Trump escreveu na rede social Twitter que os EUA iam instaurar tarifas aduaneiras suplementares de 10 por cento sobre importações chinesas, que ascendem a 300 mil milhões de dólares (271 mil milhões de euros), que até aqui não estavam sujeitas a esta imposição, no contexto da guerra comercial sino-norte-americana iniciada pelo presidente dos EUA.

Algumas sociedades especializadas na distribuição de bens de consumo foram afetadas violentamente, como o vendedor de bens eletrónicos Best Buy, que desvalorizou 10,79 por cento, a cadeia de grandes armazéns Macy’s, que recuou 6,69 por cento, ou o vendedor de roupa Gap, que caiu 7,90 por cento.

“Não o antecipámos”, admitiu Gregori Volokhine, da Meeschaert Financial Services, que fez duas leituras deste anúncio.

“É o processo habitual das negociações, esta não foi a primeira vez” que Donald Trump faz ameaças para forçar a mão à China nas discussões comerciais que já duram há mais de um ano, avançou Volokhine.

Mas com o seu anúncio, o Presidente “troçou da Fed” (Reserva Federal, o banco central dos EUA) que, para alguns, desceu a taxa de juro de referência menos do que Trump desejaria.

“Para que a Fed fizesse o que Trump queria, que adotasse uma política extremamente acomodatícia (cortes mais acentuados na taxa), seria necessário que a guerra comercial se agravasse”, considerou Volokhine.

Os EUA já estão a aplicar direitos alfandegários suplementares de 25 por cento a importações chinesas de valor superior a 250 mil milhões de dólares. Por seu lado, Pequim retorquiu impondo tarifas alfandegárias suplementares a importações oriundas dos EUA no valor de 110 mil milhões de dólares.

Até agora, o Governo de Trump tinha evitado agravar os bens de consumo corrente dos norte-americanos, de tal modo que a economia dos EUA, assente no consumo privado, tem permanecido relativamente imune à guerra comercial.

Mas “estes 10 por cento de tarifas suplementares vão atingir diretamente o consumidor norte-americano”, avisou Gregori Volokhine.

Já a analista Maris Ogg, da Tower Bridge Advisors, observou, por seu lado, que “as ameaças ainda não deram os seus frutos, porque os chineses parecem ter um horizonte mais largo do que os norte-americanos e não vão querer dar uma vitória a Trump antes da próxima eleição presidencial”.

Na sua opinião, “tudo isto alimenta ainda mais a incerteza” em torno da guerra comercial e das suas possíveis repercussões no crescimento mundial.

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