Opinião

Viver Sem Tabaco: Saúde, Economia e Qualidade de Vida

 Elisa Campos Costa

Artigo de opinião de Elisa Campos Costa, neurologista no Hospital de Vila Franca de Xira e membro da Sociedade Portuguesa do AVC.

O dia 31 de maio foi declarado pelos estados-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1987, como o Dia Mundial Sem Tabaco

Anualmente, a OMS desenvolve ações com objetivo de combater a epidemia do tabaco, prevenir as doenças e mortes associadas à utilização do tabaco e proteger as gerações futuras da adição ao tabaco. A campanha de 2024 tem especial enfoque nos jovens e na proteção dos mesmos das estratégias de marketing da indústria do tabaco e nicotina.

Os fumadores representam quase um quarto da população mundial, de acordo com os dados de 2020; quatro vezes mais homens do que mulheres.

O consumo de tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública no mundo, sendo responsável por mais de 8 milhões de mortes anualmente, incluindo cerca de 1,3 milhões de pessoas não fumadoras, mas expostas ao fumo do tabaco.

Todas as formas de tabaco, incluindo produtos de tabaco aquecido, são prejudiciais e não existe um nível de exposição mínimo considerado seguro. Os seus malefícios para a saúde estendem-se a praticamente todos os órgãos, sendo responsável por 90% dos casos de cancro de pulmão

O tabagismo é um dos principais fatores de risco, modificável, de desenvolver doenças cérebro e cardiovasculares, incluindo AVC. 

Benefícios de uma vida sem tabaco

Os benefícios de uma vida livre de tabaco não se restringem a quem nunca fumou! 

Os ganhos em saúde começam assim que o fumador para de fumar e aumentam a cada minuto que passa:

·       20 minutos após deixar de fumar a frequência cardíaca e pressão arterial voltam aos níveis normais;

·       12 horas depois os níveis de monóxido de carbono voltam ao normal;

·       Após 2 semanas a circulação sanguínea e a função respiratória melhoram e o ex-fumador começa a sentir mais energia;

·       1 a 9 meses depois a tosse e os problemas respiratórios diminuem;

·       1 ano depois tem menos metade de probabilidade de sofrer um enfarte do miocárdio;

·       Após 5 anos o risco de um AVC é igual ao de um não fumador;

·       Em 10 anos também o risco de sofrer de cancro do pulmão é igual ao de um não fumador e o risco de outros tipos de cancro diminui;

·       Em 15 anos o risco de doença coronária é também igual ao de um não fumador.

As vantagens de abandonar o hábito de fumar são inúmeras, salientando-se também que: 

·       Quanto mais cedo for a cessação tabágica menor o risco de dependência. Se ocorrer antes dos 40 anos, pode reduzir significativamente o risco de morte prematura e aumentar a esperança média de vida em até 10 anos;

·       Durante a gravidez traz benefícios para a grávida e para o bebé, incluindo a redução da exposição do bebé às substâncias tóxicas existentes no fumo do tabaco; a diminuição do risco de complicações obstétricas, diminuição do risco de parto prematuro e baixo peso à nascença, assim como redução do risco de mortalidade fetal e perinatal;

·       Contribui para a redução dos gastos com saúde e redução da pobreza de uma forma global. Uma pessoa que fuma 1 maço de tabaco por dia pode reduzir a sua despesa anual em mais de 1800 euros.

A maioria dos fumadores, quando informados acerca dos riscos do tabaco, querem deixar de fumar. Quando a cessação tabágica ocorre sob aconselhamento e terapêutica a probabilidade de abandonar este hábito com sucesso pode duplicar. Assim, se pretende deixar de fumar, peça ajuda a um profissional de saúde. 

Deixar de fumar e adotar um estilo de vida saudável, melhora a qualidade de vida e bem-estar do ex-fumador e daqueles que o rodeiam.

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