A Glowee, uma startup francesa, criou um sistema inovador de iluminação pública, que recorre a bactérias. Geneticamente modificados, os micro-organismos tornam-se luminosos e as potencialidades são infinitas. O projeto de bioluminescência apresenta diversos benefícios ecológicos. Veja o vídeo.
A startup francesa Glowee apresentou um sistema de iluminação inovador, que não recorre a eletricidade, mas que poderá iluminar diversos espaços, públicos ou privados, desde ruas a fachadas de prédios, passando por monumentos ou lojas, bem como pontos de sinalização das cidades.
O projeto recorre à bioluminescência, a produção e emissão de luz através de organismos vivos e que apresenta diversas vantagens do ponto de vista económico, mas sobretudo ecológico.
Segundo explica Sandra Rey, cofundadora da Glowee, em declarações à BBC Brasil, a ideia surgiu quando assistiam “a um documentário sobre os peixes que nas profundezas marinhas produzem a própria luz”.
O processo natural pode ser aplicado em larga escala, partindo do mesmo conceito, produzindo iluminação em diferentes espaços e soluções, mesmo de grande escala, como a iluminação de um monumento.
A Glowee usa bactérias que não têm qualquer elemento tóxico e que são alteradas, com a adição do gene de luminescência de lulas – cultivadas numa solução com nutrientes e açúcar, com o objetivo de se multiplicarem.
Esses micro-organismos vivos e alterados geneticamente são então colocados em invólucros de resinas orgânica, com diferentes formas, criando-se uma espécie de lâmpada.
A partir deste conceito, as formas dessas ‘lâmpadas’ e aplicações tornam-se infinitas. É possível dotar esses equipamentos de, por exemplo, adesivos, para que sejam presos a um vidro, ou outra superfície.
Não sendo possível substituir a iluminação pública a cem por cento, uma vez que a luz não é suficientemente forte para as necessidades atuais, o projeto da Glowee garante, no entanto, muitas outras vantagens.
Desde logo a redução da fatura energética. Uma luz de baixa intensidade pode ser mais do que suficiente para substituir luzes permanentes.
Os benefícios ecológicos também são assinaláveis, uma vez que diminuindo o recurso à energia elétrica caem também as emissões de dióxido de carbono.
Os grandes desafios desta startup é eliminar constrangimentos que se levantam, nesta fase inicial do projeto. Sobretudo a vida útil do sistema de iluminação, que é muito reduzida, para já, não ultrapassando as três horas.
E essa é a razão de a luz produzida por bactérias luminosas ser apenas utilizada em espaços fechados e eventos de curta duração, como festas. Mas o caráter (para já) lúdico deste projeto pode ser superado, quando superado for este constrangimento.
“Devemos atingir a duração de um mês de iluminação já durante este ano”, realça também Sandra Rey, prevendo que a Glowee comece a apresentar produtos de iluminação de lojas em França já a partir de 2017.
Refira-se que em França é proibido iluminar lojas e escritórios à noite, numa legislação aprovada em 2013, que deve como objetivo diminuir a o consumo de energia e de emissões de CO2. Nessa perspetiva, a luz das bactérias consegue enquadrar-se na lei.
Em 2018, a startupfrancesa pretende chegar a outro patamar: iluminar edifícios públicos, como fachadas de prédios e mobiliário urbano.
França será o ponto de partida. A Glowee acredita que vai exportar o produto. “Há países na Europa onde a eletricidade é mais cara do que em França. Também queremos equipar áreas remotas em países emergentes, onde há menos recursos”, realça a fundadora da Glowee.
Esta startup, refira-se, já viu o seu projeto premiado e está a receber apoios privados e públicos para o desenvolver, em França e noutros países da Europa.
Veja o vídeo.