Como se endireita um navio encalhado de 114 mil toneladas e quase 300 metros de comprimento? Ao fim de 20 horas, a Proteção Civil italiana colocou o Costa Concordia na vertical, junto à ilha de Giglio, cerca de 20 meses volvidos após o acidente que matou 32 pessoas.
O Costa Concordia já está erguido junto à ilha de Giglio, em Itália, cerca de 20 meses depois de ter encalhado e virado, num acidente que custou a vida a 32 pessoas. As operações de resgate do gigantesco paquete – pesa 114 mil toneladas e mede 290 metros de comprimento, 35 de largura e 57 metros de altura — demoraram pouco mais de 20 horas. “Vê-lo ressurgir da água foi muito emocionante”, desabafou um dos sobreviventes, Luciano Castro, ao presenciar as operações.
Trata-se de um grande feito de engenharia, coordenado pelo perito sul-africano Nick Sloane, envolvendo mais de 500 trabalhadores e orçado em 600 milhões de euros. O Costa Concordia, que virou para o flanco direito, foi primeiro estabilizado e depois rebocado para uma plataforma, na qual entraria mais tarde em flutuação.
A estabilização foi assegurada pelos mergulhadores que, com sacos de cimento, criaram uma plataforma com o tamanho de um campo de futebol. O paquete começou a ser erguido, através de cabos, rodando para o topo da plataforma. Ao atingir a posição vertical, os flutuadores colocados em ambos os flancos asseguravam que o navio não voltaria a ‘deitar-se’. Os flutuadores do lado esquerdo, com água para que a força da gravidade ajudasse à operação, foram então esvaziados para permitir a flutuação.
Esta complexa operação começou ontem de manhã e só terminou pelas 5h00 de hoje (4h00 em Portugal continental): a estimativa inicial apontava para 12 horas. “A operação de rotação terminou e o barco está na posição vertical. É realmente impressionante ver o estado em que está o barco”, anunciou o chefe da Proteção Civil, Franco Gabrielli.
Terminada a operação para endireitar o navio, acentuam-se as preocupações ambientais. “Endireitar o Concordia representa o menor risco. A nossa principal preocupação relaciona-se com eventuais problemas de natureza ambiental”, assumiu Franco Gabrielli, citado pela AFP. A Proteção Civil colocou barreiras marinhas flutuantes antipoluição em redor do teatro de operações, tendo ainda no local um dispositivo para bombear líquidos tóxicos que eventualmente sejam libertados.
O Costa Concordia naufragou a 13 de janeiro de 2012, provocando a morte de 32 pessoas. O Francesco Schettino, o comandante responsável por uma manobra fatídica, está a ser julgado pelo acidente, mas cinco corresponsáveis foram condenados pela justiça italiana.
