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“Versão pindérica da Raríssimas”, acusam ex-dirigentes da Associação Zoófila

A Associação Zoófila Portuguesa (AZP) é “uma versão pindérica da Raríssimas”, no entender do ex-tesoureiro. A presidente da direção foi acusada de abuso de confiança pela presidente do Conselho Fiscal (CF) por “fazer negócios consigo mesma”.

O caso é hoje reportado pelo Diário de Notícias. Luísa Coelho, que lidera o CF, apresentou queixa-crime contra Ana Fernandes, a presidente da AZP, pelas relações comerciais da associação com uma empresa que pertence à mesma Ana Fernandes.

A presidente da direção é também acusada da compra de um telemóvel por 843 euros sem decisão colegial prévia e a aquisição de ração fora do prazo a uma marca da qual detinha a representação, num negócio que custou mais de 3000 euros.

A empresa, Izumix, terá recebido mais de 25 mil euros da AZP desde 2013, 11 mil dos quais para “acompanhamento” à construção de um hospital veterinário.

O empreiteiro responsável pela obra é Marcial Aleixo, marido da presidente da associação.

Ana Fernandes, dona da Izumix e presidente da AZP, tem andado a “fazer negócios consigo mesma”, no entender de outros dirigentes da associação.

“Muitas decisões não passavam por nós. A Ana Fernandes tomava muitas decisões sozinha que nos eram comunicadas antes de acontecerem”, revelou uma ex-dirigente, citada sob anonimato pelo DN.

“Não achava muito adequado contratar o marido da presidente, mas tinha medo que se contratássemos um empreiteiro qualquer houvesse atrasos”.

Eurico Pinto, o tesoureiro que integrou um vasto de grupo de dirigentes que se demitiu entre fevereiro e março deste ano, alegando “questões inultrapassáveis relacionadas com a gestão da presidente”, comparou a situação da AZP a um caso que agitou Portugal: o escândalo da Raríssimas.

“Alguém me disse que isto é a versão pindérica da Raríssimas e concordo. A presidente tomava decisões, omitia informação aos membros da direção, punha e dispunha”, garantiu.

Ana Fernandes nega o alegado abuso de confiança e responde que todos os elementos dos órgãos sociais conheciam a relação dela com a Izumix.

“O potencial conflito de interesses foi avaliado pelos órgãos sociais e aceite dados os benefícios que trazia à AZP”, frisou.

Em declarações ao DN, a presidente da direção insistiu: “Não só nunca escondi que a empresa era minha como disse, em várias oportunidades, que tinha uma empresa. Além de ser informação pública”.

“Faturas foram entregues, seguiram os circuitos administrativos normais, passaram por várias pessoas e foram validadas pela tesoureira. O nome da empresa aparece nos balancetes”, reforçou a presidente, que se sente “de consciência tranquila”.

“Sem imodéstia, sei que tive um papel relevante na recuperação e no crescimento extraordinário da AZP. Fiz dela um projeto de sucesso, sendo nem mais nem menos a maior associação zoófila do país. A minha gestão não estará isenta de erros, falhas ou más decisões, mas nunca por nunca foi dolosa, nem com intenção de obter para mim ou terceiros enriquecimento ilegítimo”, afirmou.

“Estou certa de que alguma irregularidade que possa ter cometido não justificará os danos que a associação está a sofrer, nem os danos para a minha imagem”, concluiu.

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