Turquia lamenta condenação no parlamento português a ofensiva em Afrine na Síria
A Turquia lamentou hoje um voto aprovado na quinta–feira no parlamento português que condena a intervenção das forças turcas no enclave curdo de Afrine, no noroeste da Síria.
O voto “está longe da realidade e está cheio de acusações infundadas” e “não pode ser levado a sério, nem ser aceite”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, num comunicado, citado pelas agências internacionais.
O parlamento aprovou na quinta-feira um voto do Bloco de Esquerda a condenar a intervenção militar turca no território autónomo curdo em Afrine.
O voto do Bloco de Esquerda foi aprovado também pelo PS, PEV, PAN e pela deputada social-democrata Paula Teixeira da Cruz, mas foi rejeitado pelo presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros, o socialista Sérgio Sousa Pinto.
PSD, CDS-PP, os deputados socialistas Renato Sampaio e João Soares abstiveram-se, orientação também seguida pela bancada comunista.
Numa declaração de voto, o PCP referiu que “já exprimiu em diversas situações a condenação pelas ações de violenta repressão do povo curdo pelo governo e exércitos turcos”.
Desde dia 20 de janeiro, a Turquia e fações opositoras sírias pró-Ancara levam a cabo uma ofensiva terrestre e aérea em Afrine (província de Alepo), zona ocupada pela principal milícia curda na Síria, as Unidades de Proteção Popular (YPG).
Ancara acusa o YPG de ser o ramo sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado uma organização terrorista pela Turquia, e deseja expulsar a milícia curda desta região.
As YPG são aliadas dos Estados Unidos na luta contra os ‘jihadistas’ na Síria.
“É triste que o parlamento português se deixe levar numa ferramenta de propaganda de uma organização terrorista”, com um texto “cujo único efeito será prejudicar a reputação do parlamento”, assinalou o comunicado da diplomacia turca.
“Convidamos o parlamento português a mostrar solidariedade com o nosso país contra o terrorismo e a apoiar os nossos esforços na luta contra o terrorismo, em vez de premiar as atividades de desinformação contra a Turquia”, concluiu o texto.
Mais de 1.500 combatentes curdos morreram em dois meses de ofensiva e esta já permitiu às forças pró-Ancara controlarem 87% do território do enclave, disse o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, adiantando que mais de 200.000 civis fugiram da cidade de Afrine entre 14 e 17 de março.