Cultura

“System Crasher” vence FEST em Ficção e “Gods of Molenbeek” em Documentário

Os principais vencedores do 15.º FEST – Festival Novos Realizadores Novo Cinema, que hoje terminou em Espinho, são a longa-metragem de ficção “System Crasher”, da alemã Nora Fingscheidt, e o documentário “Gods of Molenbeek”, da finlandesa Reetta Huhtanen.

O primeiro desses filmes recebeu o Lince de Ouro pela sua abordagem à situação de uma menina que é confiada ao sistema de proteção de menores e enfrenta as lacunas do serviço quando evidencia episódios psicóticos motivados por um trauma profundo, e o segundo foi distinguido com a mesma estatueta por uma história que confronta a infância de dois rapazes de um bairro de Bruxelas com o contexto adulto da atividade jihadista.

Ainda no que se refere à competição de longas-duração, o júri também atribuiu uma menção honrosa a “Born in Evin”, em que a própria realizadora e atriz iraniana Maryam Zaree regista a sua busca pessoal para descobrir as circunstâncias reais do seu nascimento naquele que continua a ser um dos principais estabelecimentos para presos políticos a nível mundial.

O mesmo filme recebeu também o Prémio do Público Cineuropa para Melhor Longa-Metragem, enquanto a escolha dos espetadores ao nível das curtas recaiu sobre “Daughter”, da diretora polaca Mara Tamkovich, que, por altura da campanha #metoo, aborda a reação de um pai à inadequação do sistema judicial depois de a sua filha de 16 anos ser vítima de um violento ataque físico.

Outros prémios nas categorias internacionais foram os Linces de Prata de Melhor Curta-Metragem para “Mistérios da Carne”, da brasileira Rafaela Camelo, na categoria de Ficção, e para “Liminaali & Communitas”, da finlandesa Laura Rantanen, enquanto melhor “short” documental.

Já na rubrica específica de filmes experimentais, o Lince foi para “Bloom”, do francês Emannuel Fraisse, e, na de Animação, para “You are overreacting”, da polaca Karina Paciorkowska.

Houve ainda menções honrosas para as curtas “023_Greta_s” da alemã Annika Birgel, “The Handover” do também alemão Leonhard Hofmann, “The Dam” da polaca Natalia Koniarz e “Applesauce” do autríaco Alexander Gratzer.

A competição exclusiva para realizadores portugueses, por sua vez, integrou apenas curtas-metragens e, das 15 obras avaliadas pelo júri, a que mereceu o Grande Prémio Nacional foi “No Limiar do Pensamento”, de António Sequeira.

A estreia desse realizador no FEST destacou-se pelo seu retrato de um adolescente que, sonhando com a ida para a universidade, é diagnosticado com esquizofrenia, o que resulta num intenso drama familiar protagonizado por Paula Lobo Antunes e Afonso Lopes. A obra foi financiada por municípios do Vale do Sousa e contou com a parceria da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental e da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros

Ainda na competição portuguesa, o júri também atribui uma menção honrosa a “Teus Braços, Minhas Ondas”, de Débora Gonçalves.

Quanto à categoria NEXXT, que distingue o Melhor Filme Académico, o vencedor foi “Elephantfish”, da belga Meltse Van Coillie, mas também foram atribuídas menções honrosas a “Adjournment”, de Nina Marissiaux, igualmente da Bélgica, e a “Sister”, uma coprodução chino-americana dirigida pela chinesa Siqi Song.

O FEST atribuiu ainda três versões do Prémio do Público FESTinha, que é decidido por centenas de crianças e jovens espectadores, todos eles na mesma faixa etária do público-alvo a que os filmes que avaliam se destinam.

Na secção Sub-10, ganhou “The Ape Man”, do belga Pieter Vandenabeele; na rubrica Sub-14, “Birthplace, uma produção indonésia da dupla Sil van der Woerd e Jorik Dozy, radicada na Holanda e em Singapura; e na modalidade Sub-18, “Like”, da realizadora, produtora e figurinista americana Scilla Andreen.

A 15.ª edição do FEST começou a 24 de junho e levou a vários espaços de Espinho 257 filmes em competição e ainda várias atividades paralelas, como sessões panorâmicas, filmes ao ar livre, concertos, uma feira do livro sobre cinema e demonstrações de realidade virtual. Além de sessões de “pitching” para profissionais e debates sobre a atualidade da indústria, o evento contou ainda com um programa de formação que envolve cerca de 800 participantes de diferentes países.

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