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“Subir impostos é menos agressivo do que reduzir a dívida”, afirma Sócrates

O antigo primeiro-ministro elogiou a coragem dos estudantes que convidaram o primeiro-ministro que abriu as portas à troika para abordar a saída da crise na Europa. Na conferência ‘O Projeto Europeu Depois da Crise’, o ex-chefe de Governo criticou a austeridade e as políticas europeias, um “ajuste de contas, para acabar com o modelo social”. E proferiu uma frase que não reúne consensos: “Em todo o mundo, a subida dos impostos mostrou-se menos agressiva para a economia do que a redução da dívida pública”.

Nesta quarta-feira, o antigo primeiro-ministro participou numa conferência, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que versou o tema ‘O Projeto Europeu Depois da Crise’.

“Gabo-vos a coragem”, referiu, dirigindo-se ao Núcleo de Estudantes de Economia da Associação Académica, pelo convite endereçado.

Sobre o tema, Sócrates considerou que os EUA saíram mais rapidamente da crise porque “não aplicaram austeridade, como na Europa”.

“Obama estava consciente de que o dever dele era fazer mais investimento, para ter mais crescimento económico”, disse.

As críticas à austeridade, na União Europeia, foram reiteradas nesta conferência. “A receita europeia foi um ajuste de contas, para acabar com o modelo social europeu”, realçou.

Nas políticas nacionais, o combate à dívida nunca foi prioridade, durante os seus mandatos, por questões ideológicas.

“Em todo o mundo, a subida dos impostos mostrou-se menos agressiva para a economia do que a redução da dívida pública”, afirmou.

Perante uma plateia de estudantes, o antigo primeiro-ministro aproveitou ainda para puxar dos galões, destacando “a aposta do Governo, em 2010, na educação pública e no ensino superior”.

A conferência, recorde-se, tinha gerado controvérsia, uma vez que Sócrates era primeiro-ministro quando Portugal pediu o resgate financeiro.

Daí que o presidente do núcleo, Simão Carvalho, tenha sido ‘obrigado’ a justificar o convite.

“José Sócrates foi primeiro-ministro nos anos da crise na sequência da falência do Lehman Brothers e por isso achámos interessante que pudesse fazer uma retrospetiva do que foi a sua ação e o seu pensamento nesse período”, disse, em declarações ao Expresso.

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