Nas Notícias

Soares: “Delinquentes” do Governo “fecham as janelas para não ouvir as vaias”

mario soaresO Governo, diz Mário Soares, tem “delinquentes”, está “moribundo” e precisa de cair “antes que o ódio do povo se torne violento”. Para sustentar as críticas, deixa uma pergunta: “pode admitir-se um 5 de Outubro em que se fecham as janelas para não se ouvir as vaias cá fora?”

Mário Soares critica o Governo de “delinquentes”, “constituído por gente que não tem nenhum sentido de Estado”, que gere Portugal com a ajuda dos “usurários que controlam a troika” e perante a passividade do Presidente da República. Numa longa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, o histórico do PS defende que “estes senhores têm de ser julgados depois de saírem do poder”. “Mas não é por esta Justiça, que não tem gente”, reforçou, adiantando que “todos os que roubaram no banco estão impunes” e “a viver à tripa forra”.

Insistindo no ataque aos “delinquentes”, deixou uma reserva: “não direi que sejam todos delinquentes”, entre ministros e secretários de Estado, “mas falam todos a mesma linguagem”. Uma “linguagem” que reforça um avisou deixado anteriormente por Mário Soares: “isto vai acabar mal”.

“Como é possível que um político, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, não se demita ele próprio? Como é possível que o primeiro-ministro não se demita ele próprio, depois de saber que é vaiado em toda a parte, que ninguém o toma a sério, nem no estrangeiro nem em Portugal, e continue agarrado ao poder como uma lapa? Vai acabar muitíssimo mal, como um amigo dos delinquentes. Desde Relvas a Machete”, sustentou o ex-Presidente.

Para Mário Soares, só a queda do Governo, que tem mandato até junho de 2015, poderá evitar uma explosão de violência em Portugal. “É inevitável”, insistiu, “antes que o ódio do povo se torne violento”, deixando o exemplo das três vezes em que foi primeiro-ministro: “nunca ninguém me chamou ladrão, nunca ninguém me vaiou na rua, nunca deixei de falar com toda a gente. Hoje, estes ministros fogem ao povo. Pode admitir-se um 5 de Outubro em que se fecham as janelas para não se ouvir as vaias cá fora?”

Quando “os portugueses, na sua maioria, odeiam” os governantes, como demonstram os “votos nulos” e os “palavrões nos votos” a aumentar (como demonstraram as recentes eleições autárquicas), a solução só pode vir de dentro: ou o Governo sai pelo seu pé ou o PSD ‘remove’ Passos Coelho e define um novo rumo, sustentou Mário Soares.

De Belém é que não virá uma solução, acredita o ex-Presidente, criticando a passividade de Cavaco Silva, que acusa de estar a viajar “porque não quer falar, porque não sabe o que tem de dizer”. E questiona: “então não pode dizer ao primeiro-ministro ‘substitua aquele senhor, senão substituo-o a si’?”

Mário Soares visou ainda os “usurários” da troika, garantindo que Portugal “não tem como pagar” a dívida externa. “Ainda bem que não vão pagar, porque a verdade é que é uma vergonha o que se paga ao estrangeiro”, sustentou: “os que comandam a austeridade, os usurários que controlam a troika, querem sugar todo o dinheiro que temos”.

O país continua “sujeito a uns usuários que, ao serviço dos mercados que poucos saberão quem são, e os vigaristas que os comandam, com os juros imensos rouba o dinheiro todo de Portugal”, reforçou o antigo líder socialista, evocando o precedente da Argentina, “quando o presidente do Governo disse ‘nós não pagamos’ e não se passou nada”.

Em destaque

Subir