Economia

Salário das filiais estrangeiras 40 por cento superior ao das empresas portuguesas

O salário médio mensal nas filiais de empresas estrangeiras em Portugal atingiu em 2018 o valor mais elevado desde 2010, somando 1.354 euros e ficando “bem acima” dos 966 euros das sociedades nacionais, divulgou hoje o INE.

Segundo as “Estatísticas da Globalização” do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 2010 e 2018 a remuneração média mensal “foi sempre superior nas filiais estrangeiras, em média, mais 393,7 euros, do que nas sociedades nacionais”.

Esta mesma tendência regista-se na produtividade, com as filiais estrangeiras a registarem em média, entre 2010 e 2018, uma produtividade aparente do trabalho superior à das sociedades nacionais em cerca de 18,1 mil euros, tendo este indicador aumentado de 43.237 euros em 2010 para 44.487 euros em 2018.

De acordo com o INE, também a taxa de investimento das filiais estrangeiras em 2018 (23,1 por cento) foi superior à das sociedades nacionais (21,9 por cento), evidenciando “evoluções contraditórias” face a 2017 (-0,3 e +1,4 pontos percentuais, respetivamente).

Já o rácio de autonomia financeira registou o mesmo crescimento quer nas sociedades nacionais, quer nas filiais de empresas estrangeiras (+0,02 pontos percentuais), enquanto o rácio de liquidez geral registou um crescimento superior nas filiais de empresas estrangeiras (+0,05 pontos percentuais), face às sociedades nacionais (+0,03 pontos percentuais).

Em 2018, os valores absolutos destes dois indicadores foram superiores nas sociedades nacionais, tal como no ano anterior.

No ano passado, o INE aponta a existência em Portugal de 6.825 filiais de empresas estrangeiras em Portugal, que empregavam cerca de 487 mil pessoas, representando, respetivamente, 1,7 por cento e 15,7 por cento do total das sociedades não financeiras.

Em termos médios, cada filial empregava cerca de 71 pessoas, em 2018 (+3,3 pontos percentuais face ao ano anterior), “valor muito superior” ao registado nas sociedades nacionais, que empregavam em média apenas cerca de oito pessoas.

Em 2018, o VAB (valor acrescentado bruto) das filiais estrangeiras em Portugal atingiu 22,0 mil milhões de euros, aumentando 4,8 por cento e ficando aquém do crescimento de 5,9 por cento nas sociedades nacionais, tal como já havia acontecido em 2017 (+7,6 por cento contra +8,8 por cento, respetivamente).

Segundo o INE, no ano passado 80,1 por cento das filiais estrangeiras e 77,9 por cento do VAB por elas gerado correspondia a entidades com controlo oriundo do continente europeu, seguindo-se o continente americano, com 13,7 por cento e 15,3 por cento do VAB.

Espanha era o país que mais filiais controlava em Portugal, com um peso de 22,1 por cento (menos 1,1 pontos percentuais do que em 2017), enquanto em termos de VAB, o país predominante foi a França, com mais de 5.000 milhões de euros (peso de 24,7 por cento).

Já os países extra-União Europeia, excetuando os EUA, contribuíram com 16,6 por cento do número de filiais e com 13,7 por cento do VAB, em 2018.

Em 2018, as filiais de grande dimensão (442 sociedades) foram responsáveis por 14,8 mil milhões de euros de VAB, tendo ao seu serviço mais de 349 mil pessoas, mais 5,9 por cento e mais 8,4 por cento, respetivamente, face ao ano anterior.

O VAB das filiais estrangeiras com perfil exportador (41,3 por cento do VAB total das filiais estrangeiras) cresceu 8,1 por cento em 2018 (+20,1 por cento em 2017), mais do triplo da registada pelas filiais sem perfil exportador (+2,5 por cento; +0,7 por cento em 2017).

Em termos da comparação internacional (e excluindo os setores da agricultura, as organizações associativas e outras atividades de serviços pessoais), em 2016 (último ano com dados disponíveis), o peso do VAB das filiais estrangeiras em Portugal era de 24,0 por cento, ligeiramente abaixo da média europeia de 24,9 por cento, destacando-se a Hungria e a Eslováquia com mais de metade do VAB a ser gerado por filiais estrangeiras (51,4 por cento e 48,1 por cento, respetivamente).

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