Nas Notícias

Ricardo Costa fala da saída de Cristina e da “unipessoal da Cristina Ferreira”

O diretor de Informação da Impresa e da SIC critica a estratégia da TVI, nas contratações de profissionais da concorrência, entre os quais Cristina Ferreira. “Eu não sei se os próximos accionistas da Media Capital não acabarão por descobrir que são acionistas de uma unipessoal da Cristina Ferreira”, diz, em entrevista ao Público.

Ricardo Costa concedeu uma entrevista ao jornal Público, onde abordou a saída de Cristina Ferreira para a TVI, o que “não é uma boa notícia, mas acontece num bom momento”.

“O que aconteceu mostra que mais tarde ou mais cedo acabaria por sair da SIC, provavelmente a 31 de julho: saiu à pressa porque foi apanhada como alguém [que é apanhado] a comer doces da despensa”, justifica.

O diretor de Informação da Impresa e da SIC concorda que Cristina Ferreira “é importantíssima” na televisão em Portugal, mas lembra que o objetivo da apresentadora “é o de ser uma marca própria” e “esse é um caminho que mais tarde ou cedo é incompatível com uma estrutura empresarial de uma televisão”.

E desse ponto de vista, a SIC não ficará a perder, a longo prazo.

Apesar de a saída de Cristina “provocar um problema sério à SIC com danos imediatos, no médio e longo prazo, para a SIC é melhor porque ficaria dependente de uma pessoa — o que não faz sentido numa empresa”.

Ricardo Costa não tem receio de que a estação de Queluz avance com mais investidas, nesta lógica de “destruir a concorrência”.

“Faz-me confusão essa tentação primária de ir buscar pessoas à concorrência direta. Eu não conheço o Mário Ferreira, mas há aqui uma lógica de tentativa de destruição da concorrência que é a lógica do Catão, em Roma, de apagar Cartago do mapa. Eu se fosse ele pensava um pouco porque às vezes estas situações não são Cartago e são afinal o Inverno Russo de Napoleão: há grandes sucessos militares, e outras que são a destruição das próprias tropas”, diz.

Nesta entrevista, Ricardo Costa reconhece também que a TVI obriga a SIC a um “toque a rebate”, em virtude dos efeitos nas audiências que esta perda pode representar. Mas deixa um recado aos acionistas da empresa detentora da TVI.

“Eu não sei se os próximos accionistas da Media Capital não acabarão por descobrir que são acionistas de uma unipessoal da Cristina Ferreira. Não sei se têm a certeza se sabem onde estão a investir”.

Por outro lado, recorda as saídas de José Alberto Carvalho e de Alberta Marques Fernandes, no passado, o que obrigou a SIC a uma reformulação.

“Rodrigo Guedes de Carvalho passou a pivot principal e a Clara de Sousa veio da SIC Notícias também. Curiosamente hoje, lá fora, suspiram pelos dois”, provoca.

O responsável pela informação da SIC considera que o empresário Mário Ferreira “está a olhar para a TVI como José Sócrates olhava para o mapa das estradas”.

“Alguém há de pagar”, ironiza, surpreendido com esta investida numa altura em que o país enfrenta uma pandemia com efeitos económicos relevantes e quedas no mercado publicitário.  

Em destaque

Subir