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René Laennec, o pai do estetoscópio, lembrado no dia do 235.º aniversário

O médico francês René Laennec é homenageado com um google doodle, a 17 de fevereiro, dia de 235.º aniversário. É um tributo ao inventor do estetoscópio, apresentado em 1818, quando René Laennec exercia no Hospital Necker.

René Laennec é o autor do clássico ‘De l’Auscultation Médiate’, publicado em agosto de 1819, que aborda a ideia de se utilizar um instrumento, ou mediador, para ouvir sons no interior do corpo humano.

A Google homenageia nesta quarta-feira o médico francês René Laennec, que inventou o estetoscópio, num trabalho amplo que consistiu em diagnosticar a doença pulmonar, através do som do corpo humano.

René Laennec nasceu a 17 de fevereiro de 1781, em Quimper, França, e escolheu a medicina como sua arte. Estudou no Hospital de la Charité, em Paris, e concluiu o curso em 1804.

O estetoscópio foi a sua grande invenção, de resto recriada com o doodle que a Google lhe dedica, na página principal do motor de busca, neste dia 17 de fevereiro.

Aquele instrumento teve a sua origem numa consulta que Laennec deu a uma paciente, em 1816. Os costumes sociais impediam a apalpação e o médico francês procurou uma solução para esse problema.

Esse episódio é relatado pelo próprio René Laennec no prefácio do seu livro ‘De l’Auscultation Médiate’.

“Em 1816, durante uma consulta a uma jovem mulher com sintomas de doença cardíaca, a percussão, bem como a aplicação da mão, eram de pouca serventia, em virtude do grande grau de adiposidade da paciente. O outro método chamado escuta direta era inadmissível, tendo em vista a sua idade e o facto de se tratar de uma mulher”, conta René Laennec, que encontrou a solução.

“De repente, lembrei-me de um simples e bem conhecido facto em acústica: a grande nitidez com que se ouve o arranhar de um pino numa extremidade de uma peça de madeira quando colocamos o nosso ouvido no outro lado. Então, não só solicitei um laminado de papel numa espécie de cilindro, como também apliquei uma extremidade do mesmo na região do coração e a outra no meu ouvido. E fiquei surpreendido e feliz ao descobrir que eu podia, assim, perceber a ação do coração de uma maneira muito mais clara e distinta do que se eu alguma vez tivesse sido capaz de o fazer pela aplicação imediata do meu ouvido”, revela.

Esta é a origem do estetoscópio, que o médico francês iria, a partir daqui, testar e aperfeiçoar. Laennec enrolou um pedaço de papel, amarrando-o com uma corda, e ouviu os corações dos seus pacientes.

René Laennec era também carpinteiro. E usou essa experiência para construir uma peça de madeira, cilíndrica e oca, que começou a utilizar para auscultar os seus doentes.

À medida que o tempo passava, ia aperfeiçoando essa peça, dividindo o cilindro em duas partes. Os sons que recolhia eram posteriormente confrontados com ous dados que René Laennec tinha sobre os seus pacientes.

Em fevereiro de 1818, o médico apresenta a sua invenção, durante um seminário na Academie de Medecin. Viria a publicar estas descobertas no ano seguinte.

A expressão “estetoscópio” tem origem no grego “stethos”, que significa “peito” e “skopos”, que significa olhar.

Laennec aprofundou os méritos da acústica, uma das mais eficazes formas de auscultar os pacientes, num tempo em que as ferramentas médicas eram escassas e as limitações, imensas.

O seu estetoscópio era a forma mais eficaz de sons a partir do tórax, por oposição ao método em voga na altura: colocar o ouvido ao longo do peito.

Com a sua criação, que a Google hoje recorda, evitava o constrangimento de colocar o ouvido no seio de uma mulher, por exemplo. Mas não é só a questão dos costumes que criava limitações à medicina: a percussão em diagnósticos não era eficaz em pessoas obesas.

No entanto, e apesar de o New England Journal of Medicine ter dado conta desta invenção, o estetoscópio de René Laennec não foi imediatamente aceite por alguns médicos, que preferiam o método tradicional: encostar o ouvido ao peito do paciente.

“Deus, que nos criou, fez ouvidos para ouvir. Usem as orelhas e não um estetoscópio”, declarou um professor de medicina, em 1821. O fundador da American Heart Association, LA Connor, também se recusava a recorrer ao aparelho.

Mas, com o tempo, as resistências foram sendo ultrapassadas e o estetoscópio de René Laennec transformou-se numa ferramenta essencial, utilizada em qualquer consulta médica.

O médico francês, hoje homenageado com um Google doodle, permitiu assim um avanço importante no diagnóstico de doenças pulmonares, sobretudo. O clínico deu origem ao termo “melanoma”, descreveu metástases como melanoma ao pulmão, e contribuiu para o combate à tuberculose e à cirrose.

Antes de morrer, escreveu: “Sei que arrisquei a minha vida, mas o livro que publiquei será, espero, suficiente para ser mais útil do que a vida de um homem”.

Disse também que  “a parte mais importante de uma arte é permitir observar de forma adequada”. A sua frase aplica-se a artes como a pintura, ou a medicina.

René Laennec morreu a 13 de agosto de 1826. Hoje, o médico francês é homenageado, com um doodle.

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