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PSD desistiu de “destruir” o Chega, diz Lobo Xavier

António Lobo Xavier, conselheiro de Estado e antigo líder da bancada parlamentar do CDS, responsabilizou o presidente do PSD, Rui Rui, pela ‘elevada’ votação de André Ventura nas eleições presidenciais de 24 de janeiro.

No entender do ex-deputado centrista, o líder do Chega chegou aos quase 500 mil votos graças à “torrente de descontentamento e de protesto”, não indo além dos 11,90 por cento dos votos devido ao “dique” Marcelo Rebelo de Sousa, reeleito com 60,70 por cento.

“Nestas eleições, essa torrente encontrou Marcelo Rebelo de Sousa, por isso a enxurrada foi arrasar a esquerda populista, reduzindo o Bloco a uma expressão ridícula e o PCP a uma expressão quase cómica”, considerou o advogado, ao comentar os resultados das presidenciais na TVI.

Se não tiver “uma pessoa como Marcelo” a servir de dique, “a enxurrada vai destruir não a esquerda, mas a direita”, por culpa do PSD de Rui Rio, que “parece” estar à espera de ver crescer outros partidos à direita para depois “liderar a frente”.

“Gostava de ver o PSD com a ambição de resolver os problemas que levam as pessoas a ir atrás de um aventureirismo absolutamente inconsequente e sem noção do que é Governo. Estes 10 por cento [que votaram em Ventura, no momento do comentário] não são camisas pretas [fascistas], nem gente intratável que não se pode sentar à mesa”, defendeu Lobo Xavier.

A responsabilidade, de acordo com o conselheiro de Estado, é de Rui Rio, que quebrou com a “lógica” dos grandes dirigentes do PSD que “lideraram Alianças Democráticas”, nomeadamente Sá Carneiro, Cavaco Silva e Passos Coelho.

“A lógica de Sá Carneiro, de Cavaco, de Passos Coelho é ‘Primeiro eu quero ser tão grande quanto possa’. Até posso fazer alianças depois, mas tenho de ser tão grande quanto seja possível, ainda que destrua os pequenos”, reforçou.

No entendimento do ex-deputado centrista, o resultado de André Ventura não representa um crescimento dos “fascistas ou da extrema-direita”, mas sim uma perda de eleitorado de PSD e CDS, com Rui Rio à espera “do jogo feito” para chegar a coligações e “entendimentos”.

“O eleitorado do Chega toda a vida votou PSD e CDS, mas por alguma razão cansou-se de votar PSD e CDS. Os líderes do PSD, em geral, querem tanto do eleitorado à direita do PS quanto puderem ter, nunca se contentaram com o bocado que têm para gerir. Este PSD parece ter desistido disso e estar à espera de gerir o seu pequeno quinhão das sondagens para depois esperar fazer uma grande frente”, concluiu Lobo Xavier.

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