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Pescadores açorianos consideram elevada meta de 15% de áreas protegidas

O vice-presidente da Federação de Pescas dos Açores, Jorge Gonçalves, considerou hoje que “a atual meta de 15 por cento de áreas marinhas protegidas é elevada, tendo em conta cuidados” que os pescadores já têm com o ambiente.

Na sessão de abertura da Conferência Internacional de Governança dos Oceanos em Regiões Arquipelágicas, que se realiza até quinta-feira, na Horta, o representante referiu que “a pesca nos Açores é artesanal e sustentável”.

O dirigente sublinhou a importância da gestão sustentável dos oceanos, mantendo os ecossistemas saudáveis e permitindo que a prática da pesca profissional permaneça como fonte de rendimento para as gerações atuais e futuras.

Jorge Gonçalves defendeu ainda que “a gestão do mar não pode passar só pelo controlo da pesca, mas também pela manutenção da pureza das águas e pela minimização do impacto que a pesca tem no imenso azul”.

Em fevereiro deste ano, a região assumiu, em parceria com a Fundação Oceano Azul e a Waitt Foundation & Institute, o compromisso de 15 por cento da Zona Económica Exclusiva dos Açores ser área marinha protegida.

No mar do arquipélago, que representa 55 por cento do território marítimo português, numa extensão superior a um milhão de quilómetros quadrados, cerca de 5 por cento do território já está protegido, embora grande parte dessas áreas não tenha regulamentação para a pesca e outras atividades com impactos.

No primeiro dia de conferência, o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia destacou que os Açores vão avançar com um projeto-piloto para monitorizar a pesca profissional e lúdica, e com um programa para a gestão dos recursos costeiros.

“Está a ser preparado um projeto-piloto que tem como objetivo proceder à monitorização de toda a atividade da pesca no nosso mar, quer seja profissional, quer seja lúdica”, anunciou Gui Menezes, referindo-se ao Programa para Gestão dos Recursos Costeiros (MONICO), anunciado em setembro pelo executivo regional.

O governante avançou que, no âmbito deste projeto, “vai começar a ser testado um novo dispositivo numa pequena amostra de utilizadores do mar dos Açores, que desenvolvem atividade lúdica ou profissional”, ainda este ano.

Juntando-se aos vários programas de monitorização dos recursos já existentes na região,” o MONICO irá avaliar a exploração de recursos como peixes, lapas, cracas, algas e crustáceos, que “são alvo de pressão de exploração nalgumas ilhas”, explicou Gui Menezes.

Estes programas estão incluídos nos investimentos orçados em mais de dois milhões de euros que o Governo Regional vai investir em “projetos para recolha de dados e informação científica”.

Na conferência internacional serão abordadas questões como as pesca e ciência, literacia para os oceanos e socioeconomia, ordenamento do espaço marítimo e áreas marinhas protegidas.

Do painel fez parte, também, o investigador Ricardo Serrão Santos, que salientou que as “alterações climáticas são um problema global e necessitam de uma ação concertada”.

O especialista criticou as ações de líderes políticos como o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, ou o seu congénere brasileiro, Jair Bolsonaro, por negarem as evidências científicas que apontam para uma subida generalizada da temperatura global.

A Conferência Internacional de Governança dos Oceanos em Regiões Arquipelágicas decorre até quinta-feira na cidade da Horta, “o concelho dos Açores onde a aposta é mais evidente na investigação, no conhecimento, na educação e na formação, assim como nas novas profissões ligadas ao mar, e que visam garantir mais emprego e mais economia”, destacou o presidente da Câmara Municipal da Horta, José Leonardo.

+++ A Lusa viajou a convite do Governo dos Açores. +++

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