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Partido no poder em São Tomé ausente de debate e criticado por toda a oposição

O único debate público promovido com os candidatos às eleições legislativas do próximo domingo em São Tomé e Príncipe ficou hoje reduzido à oposição, dada a ausência do líder do ADI, cuja governação foi criticada por todos os adversários.

O debate, organizado pela sociedade civil, decorreu ao final da tarde de quarta-feira, a dois dias do fim da campanha, contando com a presença de Jorge Bom Jesus, cabeça-de-lista do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD, maior partido da oposição); Arlindo Carvalho, líder da coligação composta pelo Partido da Convergência Democrática (PCD), a União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM); Elsa Garrido (Movimento Social Democrata – Partido Verde) e Martinho Stock (Força do Povo).

No palco do Cinema Marcelo da Veiga, na capital são-tomense, havia apenas uma cadeira vazia, com um papel onde se lia “ADI”, Ação Democrática Independente, partido no poder e liderado por Patrice Trovoada.

Um dos organizadores do debate disse à Lusa que, após o convite, a ADI apenas perguntou qual era o formato do encontro, mas nunca confirmou a presença, e referiu ainda que a televisão pública (TVS) e a polícia também não se deslocaram ao cinema.

A mesma fonte mostrou à Lusa uma carta, que está a circular hoje nas redes sociais, de Patrice Trovoada, dirigida ao presidente do Tribunal Constitucional, José António Bandeira, e datada de terça-feira, dia 02 de outubro, informando da sua ausência do país, devido a uma “deslocação à República do Mali para uma visita privada de 24 horas”.

A Lusa procurou obter um esclarecimento da ADI, mas sem sucesso.

“Esta cadeira vazia espelha o que foram os quatro anos do Governo”, disse o candidato do principal partido da oposição, motivando fortes aplausos por parte da audiência que assistia ao debate.

No debate, durante quase duas horas, os quatro candidatos apresentaram as suas propostas para áreas como a saúde, o emprego, a educação, a administração pública ou a reforma da justiça, traçando um quadro pessimista do estado atual do país, ao fim de quatro anos de Governo da ADI, eleita em 2014 com maioria absoluta.

“A nossa economia está completamente paralisada”, disse Bom Jesus, enquanto Arlindo Carvalho apontou o “descalabro do país” e o “colapso económico e social”.

Elsa Garrido lamentou a ausência do líder da ADI, afirmando que este partido é “quem tem os dados e deve justificar os últimos quatro anos”. Já Martinho Stock, que trabalha como médico em Portugal, disse ter encontrado “um país dilacerado: não tem água, não tem energia, não tem saúde, não tem justiça”.

Um dos temas abordados foi a possibilidade de ocorrerem fraudes eleitorais nas eleições legislativas, autárquicas e regional do Príncipe, no próximo domingo.

Martinho Stock remeteu a responsabilidade para a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) e Elsa Garrido admitiu estar preocupada com eventuais problemas, alertando para a possibilidade de “compra” de documentos de identificação.

“Recebemos essa informação. As pessoas poderiam reter os bilhetes de identidade durante 24 horas”, e deixou um apelo: “Temos ideologias diferentes, não devemos esquecer que estamos aqui para resgatar a democracia e voltar a ter liberdade de expressão”.

O presidente do MLSTP-PSD disse esperar que as eleições de domingo sejam “justas, livres e transparentes” e que “correspondam às expectativas deste povo, que não aguenta mais”.

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