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Parlamento timorense atribui nacionalidade ao jornalista Max Stahl

O Parlamento Nacional timorense deliberou hoje, por unanimidade, atribuir a nacionalidade ao jornalista britânico Max Stahl, que filmou o massacre de Santa Cruz, em reconhecimento pelo seu papel na luta pela libertação de Timor-Leste.

“É com elevada honra que o Parlamento Nacional atribui a nacionalidade timorense a Max Stahl”, refere a resolução votada e aprovada hoje em plenário.

“Este ato representa a homenagem do povo de Timor-Leste ao espírito humanista, altruísmo e extraordinária coragem de Max Stahl e expressa o agradecimento e reconhecimento dos feitos excecionais praticados por um homem excecional”, nota ainda.

A resolução recomenda ao Governo “proceder ao registo do processo de naturalização de Max Stahl e emitir com a maior brevidade possível toda a documentação relevante”.

“Durante o longo e difícil percurso rumo à independência, Timor-Leste contou com o apoio genuíno e incansável de muitos amigos, com os quais o povo timorense estabeleceu fortes laços de amizade. Max Stahl é um desses grandes amigos”, afirmou.

“Num dos momentos mais difíceis vividos em Timor-Leste durante a ocupação estrangeira, o profissionalismo, coragem e tenacidade de Max Stahl contribuíram de forma inestimável para que a luta do nosso povo fosse vista no palco internacional”, refere ainda.

Sublinhando o “profissionalismo e rigor” da sua carreira, o Parlamento timorense refere ainda o “caráter destemido de Max Stahl que deu a conhecer ao mundo o Massacre de Santa Cruz e os atos de crueldade e violações dos direitos humanos perpetrados contra os timorenses”.

“Urge agora fortalecer ainda mais os laços de amizade e fraternidade que unem Max Stahl e Timor-Leste, reconhecendo mais uma vez o seu contributo para a luta do povo timorense”, refere o texto, aprovado no dia dos Direitos Humanos.

Max Stahl, que foi recentemente sujeito a uma intervenção cirúrgica em Londres, está em tratamento médico na capital inglesa.

A 22 de novembro o Presidente da República timorense condecorou Max Stahl, destacando a sua nobreza e coragem em defesa do direito à autodeterminação, e defendeu que lhe seja concedida a cidadania de Timor-Leste.

“Alguém que, com tanta nobreza, arriscou a sua vida em horas de extrema gravidade e que se entregou totalmente ao nosso país, ganhou o direito de ser cidadão timorense”, afirmou na altura Francisco Guterres Lu-Olo.

“O nosso irmão Max Stahl é tão timorense quanto nós. Solicito ao Parlamento Nacional a atenção para este caso, por uma questão da mais elementar justiça”, disse.

Max Stahl – jornalista que filmou o massacre de Santa Cruz a 12 de novembro de 1991 – foi condecorado com o Colar da Ordem da Liberdade, o mais alto galardão que pode ser dado a um cidadão.

Christopher Wenner, que começou a ser conhecido como Max Stahl, iniciou a sua ligação a Timor-Leste a 30 de agosto de 1991 quando, “disfarçado de turista”, entrou no território para filmar um documentário para uma televisão independente inglesa.

Entrevistou vários líderes da resistência e, depois de sair por causa do visto, acabou por regressar, entrando por terra, acabando, a 12 de novembro desse ano por filmar o massacre de Santa Cruz.

 

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