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ONU assinala mil sobreviventes do vírus do Ébola na RDCongo

As Nações Unidas assinalaram hoje o milésimo sobrevivente de Ébola na República Democrática do Congo (RDCongo), fruto de uma campanha que, além do vírus, é afetada por conflitos e pela desconfiança do povo.

Até agora, a campanha organizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde da RDCongo vacinou mais de 225.000 pessoas, recorrendo a “uma vacina altamente eficaz”, com uma taxa de sucesso de 97,5 por cento, referem as Nações Unidas.

“No início, nunca pensei que iria sobreviver, mas agora que estou curado, quero voltar à minha comunidade e dizer-lhes para procurarem tratamento cedo se estiverem afetados, porque se pode realmente sobreviver”, afirmou Kavira, uma das infetadas que foi curada.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, entregou-lhe um certificado de sobrevivência ao Ébola, quando visitou o país, em setembro.

A epidemia de Ébola na RDCongo teve início na província de Kivu-Norte, no leste do país, tendo, desde então, atingido as vizinhas Ituri e Kivu-Sul.

Para o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na RDCongo, Edouard Beigbede, os sobreviventes podem tornar-se “num elemento fundamental” na obtenção da aceitação e da confiança pela comunidade.

“Quando os sobreviventes dizem às comunidades que a razão para estarem vivos é porque procuraram cedo tratamento, as pessoas acreditam neles e estão a procurar a ajuda de que precisavam mais cedo”, disse o responsável.

De acordo com o mais recente relatório sobre a evolução da epidemia de Ébola, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 25 de setembro e 01 de outubro, foram confirmados 20 novos casos nas províncias de Kivu Norte e Ituri, comparado com os 29 registados na semana anterior, elevando para 3.197 o total de infeções desde agosto de 2018.

Até 01 de outubro, foram registados no total 3.197 casos, incluindo 3.083 confirmados e 114 prováveis, assim como 2.136 mortes, situando a taxa de mortalidade da doença nos 67 por cento.

A maioria dos pacientes de Ébola são mulheres (56 por cento), seguindo-se 28 por cento de crianças e jovens com menos de 18 anos e 5 por cento de trabalhadores da saúde.

A agência das Nações Unidas considera que esta diminuição “deve ser interpretada com cautela, uma vez que desafios operacionais e de segurança em certas zonas torna difícil realizar deteção de casos e as ações de resposta”.

A OMS acredita que há uma “clara mudança” de focos do vírus de zonas de alta densidade populacional, “como Butembo, Katwa e Beni”, para “áreas mais rurais de densidade populacional menor”.

A agência da ONU adiantou ainda que até 02 de outubro foram recebidos 61 milhões de dólares (55,5 milhões de euros) dos 287 milhões que a organização estima sejam necessários para financiar o plano estratégico de resposta à doença até dezembro.

As autoridades de saúde da RDCongo anunciaram a introdução, em meados de outubro, de uma segunda vacina experimental para prevenir infeções pelo vírus do Ébola.

A nova vacina, fabricada pela multinacional Johnson & Johnson, será administrada, em duas doses com 56 dias de intervalo, a populações em risco em áreas onde não existe transmissão ativa do Ébola como uma ferramenta adicional para alargar a cobertura contra o vírus.

A vacina da Johnson & Johnson irá complementar a atual vacina, fabricada pela multinacional Merck, que, segundo a OMS, se tem revelado “altamente eficaz e segura”, tendo ajudado a proteger milhares de vidas.

Esta vacina continuará a ser administrada a todas as pessoas com risco elevado de infeção pelo vírus do Ébola, incluindo todas aquelas que tenham estado em contacto com doentes confirmados.

Em maio, o grupo de especialistas da OMS em imunização (SAGE, na sigla em inglês) recomendara o ajustamento das doses da vacina da Merck, bem como a avaliação da introdução de uma segunda vacina.

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