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“O problema não é a gravidade do Covid-19, é a epidemia que queremos conter”

Agostinho Marques, pneumologista do Hospital de São João, uma das principais unidades na luta contra o Covid-19, insiste na necessidade de um “alarme social” para conter a pandemia do novo coronavírus.

Ao participar no ‘Praça da Alegria’ de quarta-feira, ainda antes de anunciadas as medidas extraordinárias ontem anunciadas por António Costa, o especialista sustentou que o problema não está na doença em si, mas na facilidade do contágio.

O Covid-19, da família dos coronavírus, tal como a gripe, é “particularmente pouco grave”, garantiu.

“Esta doença, na grande maioria das situações, dá uma forma de doença respiratória mais leve do que a gripe. O risco pessoal é muito pequeno. Quase metade dos doentes nem febre têm”, descreveu.

Mas o “alarme social” justifica-se perante um fenómeno que alastra a uma velocidade impensável.

“Há muito alarme social – e tem que haver, porque temos que conter a pandemia. O problema é a epidemia que queremos conter, não é tanto a gravidade da doença. As famílias sabem que as crianças são atingidas um pouco menos e com muito pouca gravidade também. É uma sorte, já foi assim com a gripe A, já atingia pouco as crianças. A mortalidade é relacionada com os 80 anos e doenças associadas. Não é por acaso que os casos em Portugal estão internados para evitar o contágio, não pela gravidade”, frisou o pneumologista do São João.

Na grande maioria das pessoas, a infeção respiratória que o Covid-19 provoca vai crescendo até que, “sensibilizado”, o sistema imunitário do doente destrói o vírus. Só que, ao longo deste processo, o infetado pode contaminar idosos ou pessoas com problemas no sistema respiratório, os principais grupos de risco desta nova doença.

O “pânico” que o novo coronavírus tem gerado um pouco por todo o mundo justifica-se pelos números, uma vez que os casos graves rondam apenas os três por cento do total. Só que, ao atingir milhares de pessoas, pode levar os sistemas de saúde à rotura.

“Enquanto são 100, 200, 300, as formas graves são à volta de 30, é contível, é fácil de resolver. Quatro por cento de milhares é um número grande, o número de mortos passa a ser significativo e até pode romper a capacidade de resposta do sistema”, frisou Agostinho Marques.

“O alarme vem da necessidade de conter os números”, insistiu o especialista, garantindo que, “em Portugal, os esforços estão a ser feitos e com muito sucesso”.

A entrevista ocorreu quando o fecho das escolas ainda não tinha acontecido, mas já o pneumologia alertava para a importância de tal medida: não pelas crianças, mas pelos idosos que com elas convivem.

“Quando há uma grande expansão de uma doença destas, é através dos agrupamentos, sobretudo de crianças. Uma criança numa turma semeia uma quantidade de crianças que à noite vai para casa e está com o avô, que pode morrer”, alertou.

“A doença é pouco grave para a maior parte das pessoas, mas é um imperativo não ficar doente, para não propagar a doença. Devemos absolutamente respeitar as indicações das autoridades de saúde. A doença não é grave, o fenómeno é muito grave”, concluiu Agostinho Marques.

Veja o vídeo.

https://www.facebook.com/watch/?v=573832313213952

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