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Casal com filha a sofrer de leucemia autorizado a ter “bebé-medicamento”

bebe

Com uma filha de 5 a necessitar de um transplante de medula, um casal pediu autorização para conceber um “bebé-medicamento”. Uma solução que só é possível “em último caso”, como salientou Eurico Reis, do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida. O processo está em curso.

O Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) autorizou a implementação do embrião daquele que será o primeiro “bebé-medicamento” a nascer em Portugal, de acordo com o jornal Público.

O termo foi cunhado em 2001, quando um bebé foi planeado com o intuito de ser doador de medula para o irmão, Molly Nash, que tinha então 6 anos e sofria de anemia de Franconi.

Ainda segundo o diário, que cita o presidente Eurico Reis, a autorização do CNPMA foi concedida a um casal cuja filha, de 5 anos, sofre de leucemia linfoblástica.

A transferência dos embriões, fertilizados ‘in vitro’ e selecionados após uma análise genética, foi feita numa clínica no Porto.

Eurico Reis revelou que o CNPMA aprovou dois pedidos no ano passado, depois de esgotadas as possibilidades de tratamento de duas crianças cujo saúde estava em risco “elevado”, e está a apreciar um terceiro pedido.

O outro pedido já aprovado aguarda pela fase da transferência de embriões.

Um “bebé-medicamento”, que é planeado em função de servir para ‘curar’ um irmão, só pode ser autorizado “em último caso”, ou seja, “só se não houver outras soluções possíveis”, como complementou o responsável do CNPMA.

Em causa estão as doenças genéticas graves, como cancro ou paramiloidose, que permitam a transferência de embriões que não possuam os marcadores genéticos da doença.

Daí se justifica o termo de “bebé-medicamento”, pois as células estaminais do sangue do cordão umbilical do recém-nascido vão permitir prolongar a vida da criança doente.

Embora o procedimento seja legal em Portugal, os especialistas continuam divididos sobre os perigos inerentes, nomeadamente ao nível ético.

Alguns médicos defendem que são necessários mais estudos para compreender melhor o impacto a nível psicológico, não apenas para a criança que recebe o transplante mas (sobretudo pela novidade), para os próprios “bebés-medicamentos”, que podem ficar “marcados pelo facto de terem sobrevivido porque eram úteis”, como alertou o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, em 2007.

“É fácil arranjar problemas éticos quando nós próprios não somos confrontados com o problema”, afirma Michelle Whitaker, a mãe de Adam Nash, o primeiro “bebé-medicamento” do mundo.

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