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Nuno Matos e o novo desafio africano

Nuno Matos, campeão nacional de todo-o-terreno em 2016 e vencedor da Taça FIA de Bajas T2 em 2010, está à beira de enfrentar um novo desafio ao disputar o África Morocco Deserto Challenge, utilizando novamente o seu Opel Mokka Proto e tendo a seu lado o experiente navegador Nuno Rodrigues da Silva.

É uma aventura num novo território para o piloto de Portalegre, que sempre sonho em um dia fazer provas no grande continente africano, seguindo os passos de um dos seus ídolos de juventude.

“Nunca tive uma grande ligação ao desporto automóvel, por isso posso dizer que o grande impulsionador foi José Megre. Comecei por culpa do José Megre e da sua equipa que trouxeram para Portalegre a mítica Baja Portalegre. Contaminou a maioria dos portalegrenses. Acompanhei a primeira edição desta prova, na altura ainda pela mão dos meus pais e com os meus irmãos.  Em 1997, aos 18 anos, fiz a primeira Baja Portalegre, na altura como co-piloto do meu irmão”, começa por explicar Nuno Matos.

O piloto alentejano completou em 2016 a sua 20ª participação na Baja Portalegre, das 30 edições desta competição. “Já quase que faço parte da mobília (risos). Umas vezes como co-piloto e outras já como piloto. Mas o ano passado foi um ano curioso: cumpri a 20ª prova em Portalegre, o 10º Campeonato completo e consegui conquistar o primeiro título absoluto no Nacional”, explica.

No currículo Nuno Matos conta com cinco títulos conquistados. Em 2007 e 2008 foi Campeão Nacional na categoria T8. Em 2009 Campeão Nacional categoria T2 e em 2010 vencedor da Taça FIA de Bajas de T2 (a sua estreia internacional). É, aliás, o único piloto português com os três títulos (T8, T2, T1 e absoluto). “Há ainda uma prova que foi muito importante para mim: Em 2010 venci o Estoril Marraquexe na classe T2, prova que não pertencia à Taça FIA de Bajas. Essa foi a minha estreia e única experiência em África”, conta.

Marrocos e a aposta no Opel Mokka

A participação no Morocco Desert Challenge surge de “um sonho antigo”. “Em 2010, aquando do Estoril Marraquexe, fizemos só uma pequena abordagem: foram só duas ou três etapas em Marrocos e dizem os entendidos de dificuldade relativamente baixa e desde ai ficou aquela vontade de um dia poder fazer uma grande maratona africana”, explica o piloto de Portalegre.

“Estamos no quinto ano do projeto Mokka Proto. O carro tem mostrado muita fiabilidade nos últimos dois anos em que fomos vice-campeões e campeões e, portanto, achámos que era o momento certo para tentar fazer esta aposta e concretizar este sonho”, refere Nuno Matos.

“Estas decisões são mesmo assim: os orçamentos também não esticam a ponto de ser possível fazer tudo, pelo que este ano, aptámos por fazer Marrocos. O único lado menos positivo desta decisão é não poder estar a defender o título no Nacional”, refere o piloto alentejano.

Na prova africana Nuno Matos espera “encontrar areia, areia e mais areia. Espero aprender, sair de lá um piloto mais completo neste tipo de provas ou pelo menos fazer uma aprendizagem que seja rápida e assertiva.  Há que tentar não cometer erros para poder contornar os obstáculos e superar as dificuldades que nos vão surgir. Nesta altura ainda não quero pensar muito em resultados, quero antes sim, tal como referi, ir focado em aprender e em tornar-me um piloto mais completo neste tipo de desafios”.

O piloto de Portalegre aposta no Opel Mokka, um carro ‘feito’ em Portugal, e que foi o corolário de um projeto anterior com um veículo da marca de Russelsheim. “Comecei em 2011 quando passei para a categoria T1, na altura com o Oppel Astra com o qual corri em 2011 e 2012. O projeto Opel Mokka Proto nasce em 2013. Foram dois anos iniciais um pouco difíceis em que as coisas não nos correram como idealizado, mas acabámos por conseguir ultrapassar esses problemas e nos últimos dois anos o campeonato já nos correu muito bem”, explica.

“A decisão para esta prova foi tomada no início do ano. É evidente que para embarcar nesta aventura tive que pedir a concordância e merecer a aposta dos meus patrocinadores que me têm acompanhado ao longo dos últimos anos. Aqui lhes deixo, desde já, o meu agradecimento por confiarem em mim e no projeto que lhes apresentei”, refere também Nuno Matos.

O piloto de Portalegre reconhece que teve de adaptar o carro às exigências da prova africana:“Tivemos de ter atenção ao material necessário. As Bajas são provas de um ou dois dias. Esta maratona é de uma semana e obriga a uma outra logística. Foi preciso fazer um trabalho exaustivo e concentrarmo-nos em pedir o reforço de muitas peças que não tínhamos, o que obrigou a meses de preparação e muitas vezes,“fazendo com que os dias tivessem mais do que 24 horas”,

Para Nuno Matos o objetivo em Marrocos é terminar a prova “sem grandes problemas”, e acrescenta: Tenho a certeza que se o conseguirmos não vamos ficar em último, mas não quero conjeturar, até porque não conheço a esmagadora maioria dos outros pilotos com quem vamos competir, portanto seria um perfeito disparate estar a conjeturar muito mais. Uma coisa é em Portugal em que conhecemos os nossos adversários. Eu nem conheço esta prova nem os adversários. Quero que cheguemos bem à final, que o carro também não tenha problemas de maior e, acima de tudo, quero aprender. Se o fizermos tenho a certeza que não vamos ficar mal classificados. O que é que isso significa em termos de resultados não sei.

Uma referência ainda para a escolha de Nuno Rodrigues da Silva para o ‘banco’ da direita. “O Nuno, ainda que não tenha muita experiência neste tipo de provas, acaba por ter mais experiência que eu: já fez algumas competições em solo africano e já teve envolvido em estruturas de equipas que realizaram este tipo de competições, portanto será mais experiente que eu a esse nível e será uma mais-valia para nós”, refere ainda Nuno Matos que depois desta prova ainda não tem definido um programa para além da presença na Baja de Portalegre.

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