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Moscovici exclui que tensão com Itália possa contagiar outros países

A tensão sobre a dívida italiana, que tem inquietado os mercados, não apresenta risco de contágio para o resto dos países europeus, declarou hoje em Roma o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici.

Questionado sobre o risco, numa altura em que aumenta o ‘spread’, diferença entre as taxas das dívidas soberanas italiana e alemã, Moscovici respondeu pela negativa.

“Não queremos que haja nenhum tipo de confronto, não nos interessa a tensão. Com um diálogo construtivo, os investidores terão confiança”, afirmou Moscovici numa conferência de imprensa em Roma.

O comissário europeu entregou hoje ao ministro da Economia e Finanças de Itália, Giovanni Tria, uma carta com as dúvidas da Comissão Europeia em relação ao projeto de orçamento italiano para 2019.

A derrapagem italiana “não tem precedentes na história do Pacto de Estabilidade e Crescimento”, escreveu a Comissão Europeia, nos excertos da carta divulgados na quinta-feira, pedindo a Itália para responder a estas observações até segunda-feira.

Bruxelas aponta um risco de “não-conformidade grave” com as regras europeias, que pode levar a uma rejeição do orçamento, o que nunca aconteceu na União Europeia (UE).

A coligação populista que governa Itália enviou na segunda-feira à noite a Bruxelas uma proposta de orçamento que prevê um défice de 2,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 para cumprir promessas eleitorais que exigem um aumento da despesa pública, contrariando os compromissos assumidos com a UE.

O comissário explicou que a carta entregue ao Governo italiano não menciona este número, mas expõe as inquietações da comissão sobre o défice estrutural de Itália, a sua elevada dívida pública, que supera 130 por cento do PIB e a necessidade de o país fomentar o crescimento económico.

“Estas perguntas não são apenas as da Comissão Europeia, são também as de países europeus e agentes económicos que querem continuar a apoiar o crescimento em Itália”, argumentou.

Nesta deslocação a Roma, Moscovici reuniu-se com Tria, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Enzo Moavero, e com o presidente da República, Sergio Mattarella.

O comissário afastou a hipótese de Itália sair do euro, considerando que isso “não teria sentido” e que seria “contra o interesse de Itália e de todos”.

As palavras de Moscovici parecem ter tranquilizado os mercados, com a bolsa de Milão a subir 0,25 por cento a cerca de meia hora do final da sessão e os juros da dívida a descerem ligeiramente.

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